Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones
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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Os perigos das ecografias...

Andava eu a passear pela Gulbenkian quando deparo com algo que desconhecia - ecografias emocionais - tradução: ecografias a 4D a pedido dos pais



Como curiosa que sou entrei e coloquei uma serie de questões. 

Por 150 euros os pais ficam com uma noção de como vai ser o bebé ainda na barriga da mãe. Esta ecografia  não tem relatório médico e pode ser feita pedido dos pais, sem razão medica!!! Mais grave é que a senhora que me atendeu garantiu-me que as ecografias não fazem mal nenhum aos bebés!!!!

Para quem achava que as células estaminais era o negocio da China... Engana-se redondamente!!!

Para que não restem duvidas: 


"...there are at least a dozen studies that show damage from ultrasound including damage to the biochemistry of the child, damage to the immune system, and delayed maturation of the central nervous system...

...now revealing an excess incidence of leukemia in the children born to mothers who were exposed to diagnostic ultrasound during pregnancy.

...ultrasound has replaced x-rays during pregnancy...

...and the doctor says 'oh you don't have to worry about ultrasound - that's what they use to detect submarines'





Dr. Robert Mendelsohn on Pregnancy and the Dangers of Ultrasound
http://youtu.be/YfaUQCp6L1s


Study Shows Potential Dangers of Ultrasound in Fetal Development
https://www.asrt.org/content/News/IndustryNewsBriefs/Sono/studyshows062408.aspx

FDA Cautions Against Ultrasound "Keepsake" Images
http://www.sdms.org/pdf/FDAKeepsake.pdf

Ultrasound Can Affect Brain Development
http://birthofanewearth.blogspot.com/2011/09/www.truthout.org/issues_06/080806HA.shtml

Ultrasound and the Alarming Increase in Autism
http://www.midwiferytoday.com/articles/ultrasoundrodgers.asp

Fetuses can hear ultrasound examinations
http://birthofanewearth.blogspot.com/2011/09/www.newscientist.com/article/dn1639-fetuses-can-hear-ultrasound-examinations-.ht%C2%ADml

Keeping Fetus Cool Through Pregnancy
http://massagetoday.com/mpacms/mt/article.php?id=13670

Prenatal exposure to ultrasound waves impacts neuronal migration in mice
http://birthofanewearth.blogspot.com/2011/09/www.pnas.org/cgi/content/abstract/103/34/12903?maxtoshow

Stephens Routine Doppler & Ultrasound in Pregnancy
http://birthofanewearth.blogspot.com/2011/09/www.cochrane.org/reviews/en/ab001450.html

Ultrasound Affects Development of Murine Brains
http://www.medpagetoday.com/OBGYN/Pregnancy/3882

Obstetric Myths Versus Research Realities:A Guide to the Medical Literature
http://www.hencigoer.com/obmyth/">http://www.hencigoer.com/obmyth/

Effects of frequent Ultrasound During pregnancy: A Randomized Controlled Trial
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8105165

Controlled study of prenatal Ultrasound exposure in Children with Delayed Speech
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1485930/

Impact of prenatal ultrasound screening on perinatal outcome
http://content.nejm.org/cgi/content/short/329/12/821

Ultrasound: Weighing the Facts - Midwifery Today
http://www.midwiferytoday.com/articles/ultrasound.asp

Ultrasound: More Harm Than Good?
http://www.midwiferytoday.com/articles/ultrasoundwagner.asp


quarta-feira, 28 de julho de 2010

As ecografias são seguras?

A Autoridade Sueca de Segurança Radiológica fez um press release a alertar para os possíveis perigos das ecografias. As recomendações agora, na Suécia, são de fazer ecografias UNICAMENTE se houver alguma razão médica muito eminente.

Podem ler aqui: http://sverigesradio.se/cgi-bin/international/nyhetssidor/artikel.asp?nyheter=1&programid=2054&artikel=3826444

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ecografias por Dr. Marsden Wagner

ULTRASSOM: MAIS PREJUDICIAL QUE BENÉFICO?

A história do ultrassom começa em julho 1955 quando um obstetra escocês, Ian Donald, tomou emprestada uma máquina industrial de ultrassom usada para detectar falhas no metal e testou em alguns tumores, que tinham sido removidos previamente e usando um pedaço de carne como controle. Descobriu que os diferentes tumores produziram ecos diferentes. Logo Donald já usava o ultrassom não somente para tumores abdominais nas mulheres mas também em mulheres grávidas. Artigos pipocaram nos jornais médicos, e seu uso se espalhou rapidamente em todo o mundo.
A disseminação do ultrassom na obstetrícia clínica é refletida nas afirmações inapropriadas feitas na literatura médica a respeito do que seria seu uso adequado: "Uma das lições da história é que ela naturalmente se repete. O desenvolvimento do ultrassom obstétrico espelha assim a aplicação à gravidez humana de raios X diagnósticos". Ambos, em alguns anos após a descoberta, eram usados para diagnosticar a gravidez e medir o crescimento e normalidade do feto. Em 1935 foi dito que "o trabalho pré-natal sem o uso rotineiro dos raios X não é mais justificável do que seria o tratamento das fraturas" (Reece 1935). Em 1978: "pode-se afirmar sem ressalvas que a obstetrícia e a ginecologia modernas não podem ser praticadas sem o uso do ultrassom diagnóstico" (Hassani 1978). Dois anos mais tarde, foi dito que o "agora o ultrassom não é mais um teste de diagnóstico aplicado a algumas gravidezes consideradas em termos clínicas como sendo de risco. Pode agora ser usado para analisar todas as gravidezes e deve ser considerado como uma parte integral do cuidado pré-natal" (Campbell Little 1980). Em nenhumas destas datas as evidências habilitavam os autores para fazerem estas afirmações.
Não foram somente os médicos que tentaram promover o ultrassom com afirmações que vão além dos dados científicos. Os interesses comerciais também têm promovido ativamente o ultrassom, e não somente os médicos e os hospitais. Por exemplo, uma propaganda lida extensamente em um jornal de domingo (The Times, Londres) clamava: Toshiba decidiu projetar um equipamento diagnóstico que seria absolutamente seguro... O nome: Ultrassom. Uma organização do consumidores na Grã Bretanha queixou-se à "Advertising Standards Authority" (NT: órgão de regulamentação da publicidade) de que a Toshiba estaria fazendo uma afirmação não verdadeira, e a queixa foi acatada. Em muitos países, a aplicação comercial do ultrassom durante a gravidez é amplamente difundida, oferecendo "visão do bebê ", "ultrassom recreativo" e "encontre seu bebê " com fotografias e gravação em fitas de vídeo.
A extensão na qual os médicos não obstante seguiram tal conselho cientificamente injustificado, e o grau no qual esta tecnologia proliferou, podem ser ilustrados por dados recentes de três países. Na França, em um ano, três milhões de exames por ultrassom foram feitos em 700.000 mulheres grávidas --- uma média de mais de quatro ecografias por gravidez. Esses exames custaram aos contribuintes franceses mais do que todos os outros procedimentos terapêuticos e diagnósticos feitos nestas mulheres grávidas. Na Austrália, onde o serviço de saúde paga por quatro ecografias rotineiras, a conta do ultrassom obstétrico em um ano recente foi de 60 milhões de dólares australianos. Um editorial de 1993 no USA Today faz hoje a seguinte afirmação: "O primeiro retrato bebê --- um ultrassonograma intra-uterino de US$200 --- é uma adição simpática a todo o álbum de família. Mas será que os ultrassonogramas medicamente valem 1 bilhão dos escassos dólares da saúde pública da nação? Essa é a pergunta feita por um estudo americano esta semana. Chegou-se à conclusão que os ultrassonogramas que os doutores prescrevem rotineiramente para mulheres grávidas saudáveis não fazem qualquer diferença à saúde de seus bebês ".
Depois que uma tecnologia se espalhou extensamente na prática clínica, a etapa seguinte é que os administradores da saúde pública aceitem-na como um cuidado padrão financiado pelo setor público da saúde. Diversos países europeus têm agora a política oficial de oferecer um ou mais ultrassons rotineiros durante a gravidez. Por exemplo, em 1980 o programa de diretrizes para cuidados da maternidade na Alemanha Ocidental indicou a direito de cada mulher grávida a pelo menos duas ecografias durante a gravidez. A Áustria seguiu rapidamente o terno, aprovando duas ecografias rotineiras. Os dados científicos justificam o uso tão difundido e esse enorme custo do ultrassom?
QUANDO O ULTRASSOM É ÚTIL?
Ao avaliar a eficácia do ultrassom na gravidez, é essencial fazer a distinção entre seu uso seletivo para indicações específicas e seu uso rotineiro como um procedimento de triagem. Essencialmente, o ultrassom provou ter seu valor em um punhado de situações específicas em que o diagnóstico "permanece incerto depois que o histórico clínico foi verificado e o exame físico foi executado". E ainda, ao se levar em consideração se os benefícios compensam os custos do ultrassom usado rotineiramente, as evidências científicas ainda não deram suporte ao uso rotineiro.
Uma das justificativas mais comuns dadas hoje para a exploração rotineira por ultrassom é na detecção do crescimento intra-uterino retardado (CIUR). Muitos clínicos insistem que o ultrassom é o melhor método para a identificação desta circunstância. Em 1986, uma revisão profissional de 83 artigos científicos sobre ultrassom mostrou que "para a detecção do crescimento intra-uterino retardado, o ultrassom deve ser executado somente em uma população de alto risco". Em outras palavras, as mãos de uma obstetriz ou obstetra experiente examinando o abdômem de uma mulher grávida são tão apropriadas quanto a máquina do ultrassom para detectar o CIUR. A mesma conclusão foi feita por um estudo na Suécia, comparando a medição repetida do tamanho do útero por uma obstetriz com a medição repetida através de ultrassom do tamanho da cabeça do feto em 581 gravidezes. O relatório conclui: "Medidas do tamanho do útero são mais eficazes do que medidas ultra-sônicas para o diagnóstico pré-natal do crescimento intra-uterino retardado".
Se os médicos continuarem a tentar detectar CIUR com ultrassom, o resultado será altas taxas de resultados falso-positivos. Os estudos mostram que mesmo sob circunstâncias ideais, o que não existe na maioria das vezes, é provável que mais da metade dos resultados "positivos" para CIUR obtidos por ultrassom é falsa, e a gravidez é de fato normal. A implicação deste fato é a possível geração de ansiedade na mulher e o provável uso de mais intervenções desnecessárias.
Há um outro problema em se usar o ultrassom para diagnosticar CIUR. Um dos princípios básicos dos exames deve ser de executá-los somente para as circunstâncias nas quais você pode fazer algo. No presente, não há qualquer tratamento para CIUR, nenhuma maneira de retardar ou parar o processo do crescimento demasiado lento do feto e retorná-lo ao normal. Dessa forma, é difícil ver como o ultrassom para diagnose do CIUR poderia melhorar o resultado da gravidez.
Ficamos com a conclusão de que, em relação ao CIUR, nós somente podemos realizar alguma prevenção através de intervenções sociais (programas de nutriçao e de abuso de drogas), tem diagnóstico bastante impreciso, e não há tratamento. Se este for o modelo atual, não há nenhuma justificativa para que os médicos usem o ultrassom rotineiro durante a gravidez para o manejo do CIUR. Seu uso deve ser limitado nas pesquisas sobre CIUR.
Uma vez mais é interessante ver o que aconteceu com a introdução da idéia de segurança de raios X durante a gravidez. Os raios X foram usados em mulheres grávidas por quase 50 anos e supunha-se que fossem seguros. Em 1937, um livro texto padrão para o cuidado pré-natal indicou: "tem sido freqüentemente perguntado se a passagem de raios de X através da criança oferece algum perigo à vida dela; pode ser dito de vez que não há qualquer perigo se o exame for realizado por um radiologista competente". Uma edição posterior do mesmo livro texto indicava: "Sabe-se agora que o uso irrestrito de Raio X no feto causou o câncer infantil ". Esta história ilustra o perigo de se presumir segurança. A esse respeito uma afirmação de um livro-texto de 1978 é relevante: "Uma das grandes virtudes do ultrassom diagnóstico tem sido sua aparente segurança. Nos niveis de energia atualmente utilizados o ultrassom diagnóstico parece não apresentar efeitos deletérios ou prejudiciais... toda a evidência disponível sugere que é uma modalidade muito segura".
Que o ultrassom durante a gravidez não pode ser simplesmente presumido com inofensivo, é sugerido por bons trabalhos científicos na Noruega. Acompanhando crianças até a idade de oito ou nove anos, filhas de mães que fizeram parte de dois estudos controlados de ultrassom rotineiro na gravidez, eles puderam demonstrar que a ultrassonografia rotineira estava associada com um sintoma de possíveis problemas neurológicos.
No que diz respeito à busca ativa por comprovação de segurança, um editorial no Lancet, um jornal médico britânico, diz: "Não houve nenhuma pesquisa controlada randomizada de extensão adequada para se avaliar se há efeitos adversos no crescimento e desenvolvimento das crianças expostas ao ultrassom no útero. De fato, os estudos necessários para verificar a segurança podem nunca ser feitos, por causa da falta do interesse em tal pesquisa ".
A questão da segurança fica mais complicada pelo problema das condições da exposição. Claramente, qualquer bio-efeito que possa ocorrer em conseqüência do ultrassom depende da dose do ultrassom recebido pelo feto ou pela mulher. Mas não há nenhum padrão nacional ou internacional para as características de emissão do equipamento do ultrassom. O resultado é a situação chocante descrita em um comentário do British Journal of Obstetrics and Gynaecology, em que os aparelhos de ultrassom usados em mulheres grávidas variam na potência de emissão de extremamente alta a extremamente baixa, todas com efeito equivalente. O comentário diz que, "se os equipamentos com as potências mais baixas demonstram ser adequadas ao diagnóstico, como poderia alguém possivelmente justificar expor uma paciente a uma dose 5.000 vezes maior?". A nota vai adiante ao incitar diretrizes do governo em relação à potência dos equipamentos de ultrassom e pedir uma legislação que obrigue os fabricantes do equipamento a indicarem as características de emissão. Até onde se saiba, isto ainda não foi feito em nenhum país.
A segurança também é claramente relacionada à habilidade do operador do ultrassom. No presente, não há qualquer treinamento ou certificação conhecidos para médicos usuários de ultrassom em qualuqer país. Em outras palavras, a máquina do nascimento não tem qualquer teste de habilitação para seus motoristas.
VENDO ADIANTE: O ULTRASSOM E O FUTURO
Embora o ultrassom seja caro, a avaliação rotineira por ultrassom seja de utilidade duvidosa e o procedimento ainda não seja comprovadamente seguro, esta tecnologia é usada extensamente, e seu uso tem crescido rapidamente e sem controle. Não obstante, as políticas de saúde são lentamente implantadas. Nenhum país é conhecido por ter políticas desenvolvidas no que diz respeito aos padrões para esses equipamentos, nem pelo treinamento e certificação dos operadores. Alguns países industrializados começam a responder aos dados que demonstram a falta de eficácia na exploração rotineira por ultrassom de todas as mulheres grávidas. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma conferência de consenso sobre imagem diagnóstica por ultrassom na gravidez concluiu que "os dados sobre a eficácia clínica e a segurança não permitem a recomendação do ultrassom rotineiro por enquanto; há a necessidade de experimentações clínicas multidisciplinares controladas e randomizadas para uma avaliação adequada ".
A Dinamarca, Suécia, e o Reino Unido fizeram semelhantes declarações contra o uso rotineiro do ultrassom. A Organização Mundial da Saúde (OMS), numa tentativa de estimular governos para desenvolver uma política nesta questão, publicou a seguinte declaração:
"A Organização Mundial da Saúde salienta que as tecnologias ligadas à saúde deveriam ser avaliadas com profundidade antes de terem seu uso extensamente difundido. O exame por ultrassom durante a gravidez tem atualmente seu uso difundido sem avaliação suficiente. A pesquisa demonstrou sua eficácia para determinadas complicações da gravidez, mas o material publicado não justifica o uso rotineiro do ultrassom em mulheres grávidas. Há também informação insuficiente no que diz respeito à segurança do uso do ultrassom durante a gravidez. Ainda não há também qualquer avaliação detalhada, multidisciplinar do uso do ultrassom durante a gravidez, incluindo: eficácia clínica, efeitos psicológicos, considerações éticas, implicações legais, relação custo- benefício e segurança.
A OMS endossa fortemente o princípio de escolha consciente no que diz respeito ao uso da tecnologia. Os agentes de saúde têm a responsabilidade moral: de informar inteiramente o público sobre o que é sabido e não sabido sobre os exames de ultrassom durante a gravidez; e de informar inteiramente cada mulher antes de um exame de ultrassom e na indicação clínica do ultrassom, sobre os benefícios esperados, os riscos potenciais e as alternativas disponíveis, se houver."
Esta declaração, infelizmente, é da mesma forma relevante hoje. Durante os anos 80 e o início dos anos 90, alguns de nós levantavam perguntas sobre a eficácia e a segurança do ultrassom fetal. Nossa voz de precaução, entretanto, era como um grito na selva enquanto a tecnologia proliferava. Então, durante um mês no final de 1993, dois trabalhos científicos marcantes foram publicados.
O primeiro trabalho, um experimento randômico sobre a eficácia do exame rotineiro por ultrassom, estudou o resultado em mais de 15.000 mulheres grávidas que: ou receberam duas ecografia rotineiras na 15ª a 22ª semana e 31ª a 35ª semana, ou fizeram o exame somente por indicações médicas. Os resultados mostraram que o número médio dos ultrassonogramas no grupo do ultrassom era 2,2 e no grupo de controle (para a indicação somente) era 0,6. A taxa do resultado adverso (morte fetal, morte neonatal, morbidade neonatal), bem como a taxa da nascimento prematuro e a distribuição de peso dos recém nascidos, foi o mesmo para ambos os grupos. Além disso, nas palavras do autor: "A detecção ultra-sônica de anormalidades congênitas não tem nenhum efeito no resultado perinatal". Finalmente nós temos um experimento clínico randômico de tamanho suficiente para concluir que não há valor na avaliação rotineira por ultrassom durante a gravidez.
O segundo trabalho marcante, também uma pesquisa randomizada controlada, analisava a segurança dos exames de ultrassons pré-natais repetidos. Enquanto a finalidade original do experimento era desejosamente demonstrar a segurança do ultrassom repetida, os resultados foram opostos. De 2.834 mulheres grávidas, 1.415 fizeram os exames de ultrassom nas 18ª, 24ª, 28ª, 34ª e 38ª semanas gestacionais (grupo intensivo), enquanto as outras 1.419 fizeram um único ultrassom na 18ª semana (grupo regular). A única diferença entre os dois grupos foi (um terço mais) um aumento significativo (1/3 a mais) de retardo do crescimento intra-uterino no grupo intensivo. Esta descoberta séria e importante alertou os autores para declararem: "Parece prudente limitar as avaliações fetais por ultrassom aos casos nos quais a informação tenha uma importância clínica provável". Ironicamnte, é provável agora que o ultrassom possa conduzir à condição de CIUR, para cuja detecção o seu uso tem sido justificado.
Embora nós tenhamos agora os dados científicos suficientes para poder dizer que a exploração prenatal rotineira por ultrassom não tem nenhuma eficácia e pode muito bem ter riscos, seria ingênuo pensar que seu uso rotineiro não continuará.
Infelizmente, os médicos são estão sendo adequadamente treinados nos princípios do método científico. Será uma luta preencher a lacuna entre estes dados científicos novos e prática clínica.
MARSDEN WAGNER
Marsden Wagner concluiu seu treinamento médico na Universidade da Califórnia. Depois da especialização e da prática como pediatra e neonatologista, ele completou mais dois anos de pós graduação na UCLA em ciência da medicina e saúde pública antes de embarcar em uma carreira como um epidemiologista perinatal nos Estados Unidos e Dinamarca. Durante 15 anos como Responsible Office for Maternal and Child Health for the European office of OMS (que representa 32 países), trabalhou incansavelmente para promover o cuidado perinatal seguro e eficaz em países industrializados. Continua a viver na Dinamarca, onde trabalha como um consultor para a OMS, UNICEF, para o governo e organizações não govermentaais.
Extraído e adaptado de: Pursuing the Birth Machine: The Search for Appropriate Birth Technology, copyright 1994 Marsden Wagner, publicado por ACE Graphics.
NOTAS
1. A, Oakley, The Captured Womb (Oxford, England: Blackwell Publishing, 1984).
2. B. Beech and J. Robinson, "Ultrassom? Unsound?" Association for the Improvement in Maternity Services Journal 5 (1993), pp. 3-26.
3. J. Newnham, in a personal correspondence (1992).
4. "Diagnosstic Ultrassom in Pregnancy," Lancet (28 Jul 1984), pp. 201-202.
5. J. Neilson and A. Grant, Ultrassom in Pregnancy," in I. Chalmers, M. Enkin, and M. Kerse, eds., Effectice Care in Pregnancy and Childbirth (Oxford, England: Oxford University Press, 1991), p.435.
6. Ibid., p.424.
7. J. Cnattingius, "Screening for Intrauterine Growth Retardation" (PhD diss., Uppsala University, Sweden, 1984).
8. R. Salmond, "The Uses and Values of Radiology in Obstetrics," in F. Browne, ed., Antenatal and Postnatal Care, 2nd ed. (London: J. & A. Churchill, 1937).
9. J. Chassar Moir, "The Uses and Values of Radiology in Obstetrics," in F. Browne, ed., Antenatal and Postnatal Care 9th ed. (London: J. & A, Churchill, 1960).
10. S. Hassani, Ultrassom in Gynecology and Obstetrics (New York: Springer Verlag, 1978).
11. K. Salveson, L. Vatten, S. Eiknes, K. Hughdahl, and L. Bakketeig, "Routine Ultrasonography in Utero and Subsequent Handedness and Neurological Development", British Medical Journal 307 (1993), pp. 159-169.
12. See Note 4. p.202.
13. "Diagnostic Ultrassom Imaging in Pregnancy," Consensus Development Conference Statement 5, no. 1 (Washington, DC: National Institute of Health,1984).
14. See Note 4.
15. "Diagnostic Ultrassom in Pregnancy: WHO View on Routine Screening," Lancet 2 (1984), p. 361.
16. See Note 2.
17. B. G. Ewigman, J.P. Crane, D. Frederick, F.D. Frigoletto, M. L. LeFevre, R.P. Bain, D. McNellis, and RADIUS study group, "Effect of Prenatal Ultrassom Screening on Perinatal Outcome", New England Journal of Medicine 329, no.12 (1993), pp. 821-827.
18. J. Newnham, S. F. Evans, C. A. Michael, F. J. Stanley, and L. I. Landau, "Effects of Frequent Ultrassom During Pregnancy: A Randomised Controlled Trial", Lancet 342 (1993), pp. 887-891.
19. Ibid., p.890.
Para mais informações sobre ultrassom e assuntos relacionados, veja os seguintes artigos nos volumes da revista Mothering: "Diagnostic Ultrassom," no. 19, p. 57; "Ultrassom," no. 24 , p. 27; "How Sound is Ultrassom?" no. 34, p. 73; "The Trouble with Ultrassom" no. 57, p. 73.

Traduzido por Amigas do Parto e publicado sob licença do autor Dr. Marsden Wagner
http://www.amigasdoparto.com.br/ac016.html

sexta-feira, 4 de abril de 2008

E se o útero materno fosse transparente?!

gostei tanto da Newsletter do Barrigas&Bébes que não resisti....




E se o Útero materno fosse transparente ?!


E se as barrigas das mães fossem transparentes?

E se o crescimento do bebé se pudesse observar a olho nú? Seria benéfico para o bebé?

Seria benéfico para futuras mães e pais?
Então porque motivo a Natureza não salvaguardou essa hipótese?

Faz parte da magia da criação da vida a ocultação dos seus mistérios, para além de que é uma forma da futura mãe promover a sua conecção ao nível fisico, psicológico, emocional e espiritual com o seu bebé

É uma relação que se constrói, a seu tempo, passo a passo, sem pressas e idealmente sem pressões!

Não podemos descurar a importância da tecnologia, neste ponto falamos concretamente das ecografias - tecnologia cada vez mais apurada (como todo o movimento tecnológico, especificamente aplicado à saúde/medicina) - mas será efectivamente necessário recorrer de forma sistemática à ecografia?


Quais são os principais exames ecográficos durante uma gravidez: O exame do primeiro trimestre

Este deve ser o primeiro exame ecográfico da gravidez. Recomenda-se que seja realizado entre as 11 e as 13 semanas de gestação.

Objectivos:

1) Confirmar a idade da gravidez.

2) Saber quantos fetos existem.

3) Se existir mais do que um, saber quantos sacos e quantas placentas.

4) Contribuir para a determinação do risco para um tipo específico de doença no feto Síndroma de Down - causada normalmente por uma anomalia no número de cromossomas, trissomia 21.

5) Medir a prega da nuca - translucência nucal.

6) Verificar se o feto tem batimentos cardíacos.

7) Tentar excluir algumas anomalias que se podem identificar nesta altura.


O exame do segundo trimestre

Idealmente, deve realizar-se entre as 20 e as 22 semanas.

É um dos exames mais exigentes, em termos de capacidade técnica de quem o efectua, embora menos importante em termos de qualidade do equipamento usado.

Objectivos:

1) Avaliação detalhada da anatomia do feto para exclusão de um conjunto importante de defeitos que podem atingir qualquer gravidez. Pretende-se, com este exame, permitir aos pais a opção de evitar o nascimento de um bebé com alguma das doenças graves que se conseguem identificar.

2) Acessoriamente, é efectuada a verificação dos batimentos cardíacos com actividade normal, líquido amniótico em quantidade normal e da normalidade do crescimento fetal através da medição de algumas dimensões do feto.

3) Confirmação do sexo do bebé, se for esse o desejo dos pais.


O exame do terceiro trimestre

O terceiro exame ecográfico realiza-se entre as 28 e as 32 semanas de gravidez.

O principal objectivo deste exame é avaliar aquilo que é secundário no exame do segundo trimestre.

Objectivos:

1) Avaliação do crescimento fetal através da medição de algumas dimensões do bebé. Se bem que a maioria dos fetos que parecem estar a crescer pouco sejam normais, alguns poderão necessitar de avaliações complementares.

2) Verificação da presença de sinais indirectos de viabilidade e bem-estar do feto (batimentos cardíacos, líquido amniótico normais).

3) Avaliação da posição da placenta;

4) Avaliação da posição do feto;

5) Reavaliação da anatomia do feto para identificar alguns defeitos de expressão tardia ou outros que não tenham sido diagnosticados no exame anterior. De recordar que, nesta fase, muitas estruturas são já de difícil avaliação dadas as dimensões do bebé.


Para ler mais acerca deste artigo, ver -> AQUI
retirado da revista Pais & Filhos

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O lado B das ecografias

http://www.paisefilhos.iol.pt/

Maria João Amorim
As ecografias são, hoje, um dado adquirido para médicos e grávidas. Mas também falham. Mesmo quando a história acaba bem.
Durante os nove meses em que esteve grávida, Filipa Sousa pouco se dedicou a tricotar casaquinhos de lã ou a sonhar com um futuro cheio de luz. A meta foi sempre a próxima ecografia, o próximo encontro com os médicos, o próximo exame. Uma suposta malformação cardíaca no bebé avançada às 12 semanas de gestação ditou uma rotina radicalmente diferente daquela que pensou que iria ter.

Em vez de lojas de carrinhos e berços, Filipa e o namorado passaram a gravidez a frequentar hospitais e consultórios. Em vez de livros de puericultura, aplicaram-se em decifrar enciclopédias médicas. A Internet tornou-se a companhia de todos os dias.

Tudo começou na ecografia das 12 semanas. Um número de batidas cardíacas no feto supostamente abaixo do normal levou a obstetra a levantar a suspeita de uma possível anomalia no coração do bebé. Ausência de septo (estrutura que divide o miocárdio) talvez, avançou a médica.

A confirmar-se, o caso seria grave, muito grave. Mas era cedo para certezas. O melhor seria fazer um exame com um médico especialista em cardiologia pediátrica. «Saí do gabinete da médica em estado de choque, com a sensação de que algo de muito errado se passava», recorda Filipa. Duas semanas depois, o casal dirigiu-se a um centro ecográfico para realizar um ecocardiograma (exame específico ao coração do feto) com o especialista recomendado pela médica assistente.

O clínico fez uma avaliação exaustiva do minúsculo coração do bebé, frisou que não era possível avançar com um diagnóstico seguro, mas confirmou a possível existência de uma anormalidade.

Filipa foi então referenciada para a consulta de gravidez de risco de um hospital público. Nesta altura, a preocupação com o estado de saúde do bebé alargou-se: havia a hipótese de a malformação cardíaca estar associada a uma anomalia cromossómica. Filipa teve aconselhamento genético e submeteu-se a uma amniocentese (análise das células fetais com o objectivo de despistar doenças genéticas), uma técnica que tem um importante risco de aborto.

Às 22 semanas fez a chamada ecografia morfológica e uma vez mais a dúvida e a certeza aparecem de mãos dadas. Algo não estava bem com o coração do bebé, o quê não se sabia.
Numa das inúmeras consultas que foram marcadas e em que vários médicos eram chamados a dar a sua opinião, um cardiologista pediátrico avançou com a suposição de se tratar de uma tetralogia de Fallot, uma doença grave.

Por outro lado, também poderia ser uma coartação da aorta, outro problema sério, que, apesar de tudo, poderia ser resolvido através de uma cirurgia.

«Foram meses de inferno», desabafa Filipa. «Senti que a corda foi esticada até ao limite.» A situação manteve-se até ao parto. Muitos médicos olharam várias vezes para dentro da barriga de Filipa através de um ecrã, mas nenhum soube interpretar correctamente o que via. Uma espécie de «barulho de fundo» que a dada altura começou a parecer pouco real.

Quando Tomás nasceu, não foi logo examinado por um especialista em cardiologia infantil. Filipa teve de percorrer o hospital à procura do médico para lhe pedir que fosse ver o filho. A hipótese de ele vir a necessitar de uma cirurgia tinha sido, na altura da última ecografia, avançada pelos médicos. Quando, finalmente, o bebé foi observado, o resultado do exame ao coração revelou-se novamente inconclusivo, mas o médico dá alta a Tomás.

Havia três noites que Filipa não dormia. «Fomos para casa em absoluto stress e no dia seguinte consultámos outro médico, um especialista de renome.» Mesmo antes de entrar no consultório do clínico, Filipa quebrou. Foi o culminar de meses de angústias e incertezas acumuladas. «Chorava desalmadamente, estava fora de mim.» Não sabia ainda que as notícias eram as melhores.


Após um exame cuidadoso, o cardiologista revela que Tomás tinha uma comunicação interventricular (CIV), uma abertura no coração que, na maior parte dos casos, se resolve por si, não necessitando de cuidados especiais nem de vigilância excepcional.

Um cenário clínico que nunca foi posto durante a gravidez, conta Filipa. Felizes e leves, pai, mãe e bebé foram às compras. Um bolo, uma garrafa de champanhe, um boneco do Nemo e a banheira de Tomás, que até então ainda ninguém tinha tido cabeça para ir à procura.

Dois anos depois, Filipa faz a contabilidade dos 'danos' da gravidez. Dez ecografias, rios de dinheiro em exames e consultas, muitas incertezas, uma ansiedade exponencialmente superior ao normal. Conta que pouco depois de Tomás nascer chegou a confessar a uma amiga que se voltasse a engravidar nunca mais faria uma ecografia. Hoje está mais em paz, mas afirma: «É impossível não retirar nada desta história...»

Anjo ou demónio?
Nem sempre a relação com as ecografias é pacífica durante a gravidez. A tranquilidade que trazem, quando, aparentemente, tudo está bem, é directamente proporcional ao desassossego que provocam quando algo parece que está errado.

Manuel Hermida, director do serviço de Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta (HGO), especialista em ecografias, reconhece que o poder da técnica é grande. Para o bem e para o mal. A questão dos falsos positivos merece reflexão, pela ansiedade «nada benéfica» que criam, mas não deve ser vista como um sinal do falhanço da tecnologia. «A ecografia tem e terá sempre as suas limitações. Não existem exames 100 por cento fiáveis.»

Para Manuel Hermida, é fundamental que a grávida tenha noção dos limites das ecografias. No HGO, as futuras mães assinam um consentimento informado que sublinha esse facto e alerta para a possível ansiedade que o exame desencadeia. Há sempre a opção de não assinar, afirma o médico, embora essa não seja a recomendação dos especialistas.

Mas como lidar com as «zonas cinzentas» da ecografia? Que fazer com a dúvida? Manuel Hermida defende que o bom-senso e o rigor na transmissão da informação são as melhores armas do ecografista. «Pior do que não fazer uma ecografia é fazer uma má ecografia...»

Apesar dos «muitos benefícios» que a técnica trouxe à vigilância da gravidez, há situações que fazem pensar, reconhece o médico. E conta o caso mais caricato que já lhe aconteceu. Um dia, num exame, detectou a uma grávida aquilo que lhe pareceu ser um encefalocelo - bolsa que se forma quando os ossos do crânio não se desenvolvem correctamente. A comprovar-se, seria uma situação grave, pelo que pediu uma opinião a um colega.

O segundo médico confirmou o diagnóstico e as dúvidas dissiparam-se. Foi o início de um processo longo e desgastante. Ecografia atrás de ecografia, consulta atrás de consulta. O parto foi rigorosamente preparado. À espera do bebé estava uma equipa de neurocirurgia pronta a cuidar dele. Qual não é o espanto - e a alegria - de todos quando a criança nasce e se percebe que afinal o que ela tinha na cabeça era um pequeno quisto dermóide...

Situações como esta geram ansiedade desnecessária, «sem dúvida», diz Manuel Hermida. Mas não se resolvem com menos ecografias, resolvem-se com melhores ecografias.

Qualidade exige-se
Também para Amadeu Ferreira, médico com larga experiência em ecografia obstétrica, o exame ecográfico é imprescindível para vigiar a gravidez. «Só há um meio de pesquisar malformações no feto: através da ecografia». E esse é, seguramente, um grande feito.

Quanto aos falsos positivos, Amadeu Ferreira ressalva que os bebés, dentro da barriga das mães, são seres em desenvolvimento. Daí que seja possível indicar uma anomalia numa fase inicial da gravidez que depois não se confirma porque a natureza a resolveu. E a ansiedade entretanto gerada

Amadeu Ferreira prefere ver a coisa de outro prisma: e se, com o exame, se tivesse conseguido detectar um problema grave no bebé e fosse possível preparar, atempadamente, o seu tratamento?


«Antigamente, quando os bebés nasciam, os pais contavam os dedos das mãos e dos pés. Hoje isto já não acontece. É a prova de que a ecografia trouxe tranquilidade à gravidez.»
O médico chama no entanto a atenção para a importância do treino e da qualidade dos ecografistas. Em nome dos diagnósticos correctos, mas também de forma a evitar interrupções de gravidez desnecessárias.

Uma questão a que Ana Fonseca é bastante sensível. Se não tivesse feito uma ecografia numa fase muito precoce da gravidez nunca teria passado por nada do que passou. Com um teste de gravidez positivo na mão, mas inquieta por causa de uma infecção que sofrera recentemente, decidiu consultar o seu obstetra assim que percebeu que estava grávida. «Em condições normais, teria ido ao médico mais tarde, por volta das 12 semanas», ressalva.

A ecografia abdominal que fez no consultório do clínico não permitiu datar correctamente a gravidez. O dia da última menstruação e o tamanho do saco amniótico perceptível no ecrã não coincidiam. Ana tivera, porventura, uma ovulação extemporânea. A conselho do médico, efectuou uma ecografia num centro de referência uns dias depois.

«As notícias não são boas», disse-lhe o médico ecografista no dia do exame. Tinha uma gravidez sem embrião. O saco amniótico era visível, mas não o feto. Ana contactou o médico assistente e este prescreveu-lhe um medicamento abortivo - misoprostol - de modo a expulsar o conteúdo do útero, evitando assim a realização de uma curetagem (raspagem uterina). «Tomei vários compridos durante vários dias, mas nada aconteceu», recorda Ana. Voltou a contactar o obstetra que, perante a ineficácia da medicação, marcou a intervenção cirúrgica.

No dia combinado e já deitada na marquesa, pronta para a raspagem, Ana teve a melhor surpresa da sua vida. A mesma tecnologia que lhe ditou uma gravidez sem vida revelava-lhe agora a maravilhosa imagem de um feto a mexer sem parar. Médicos e grávida olhavam estupefactos para o ecrã.

Afinal tinha sido mesmo uma ovulação tardia, um fenómeno que impediu o ecografista de ver o embrião, embora ele estivesse lá.

«'E os comprimidos?', perguntei eu. Ao que o médico me respondeu: 'Não se preocupe, vá para casa...'» Mas esse era um cenário difícil. Ana havia tomado cerca de dez comprimidos de misoprostol. Aconselhou-se com um geneticista e decidiu avançar com a gravidez. O risco de o bebé vir a ter problemas por causa da medicação não era mais elevado do que a hipótese de ter trissomia 21.

«Foi uma decisão racional, mas, claro, passei a gravidez toda a pensar nos comprimidos e não nos outros problemas que o bebé poderia ter...»

«Arrependi-me muito de ir a correr para o médico só porque estava grávida», confessa Ana, com a sorridente Maria, de três anos e meio, ao colo. Do episódio do misoprostol ficou-lhe uma lição: «Cada comprimido que tomava parecia-me um erro. Sentia-me grávida!» Hoje acredita que o instinto é o melhor amigo da grávida.

A difícil tarefa de ser grávida
«É mais difícil ser grávida hoje em dia». O obstetra Dória Nóbrega, antigo director da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, médico de muitas barrigas ao longo das últimas décadas, acompanhou de perto a mudança de estatuto das grávidas em Portugal. A ecografia esteve no centro dessa transição. «A mulher actualmente tem de tomar muitas decisões, a gravidez é um processo muito mais consciente. Hoje, a grávida é juiz em causa própria.»
Dória Nóbrega explica como a possibilidade de espreitar para dentro do ventre alterou as mentalidades de todos, obstetras e grávidas: «Decisões que só se tomavam no fim da gravidez tomam-se agora muito mais cedo.» E isso é bom, defende o médico. «Com a ecografia, detectamos hoje mais atempadamente muitas das anomalias que antes só descobríamos no final da gestação.»

Mas também é bom não esquecer «os ensinamentos antigos». O ecógrafo não deve substituir as mãos do médico. E para avaliar o bem-estar da grávida e do bebé ainda é preciso usar as mãos. Dória Nóbrega confia muito nas suas. Mais do que nas ecografias? «Não, isso não...»

O controlo ecográfico é um bem essencial à gravidez, sublinha o clínico, e contribuiu significativamente para a diminuição dos maus indicadores perinatais que caracterizavam Portugal nos anos 70 e 80.

Controlo rotineiro não quer dizer, no entanto, que as grávidas necessitem de efectuar uma ecografia por consulta, cenário muito comum actualmente. Dória Nóbrega, que não é ecografista, critica esta 'febre' com as imagens dos fetos, questionando a sua utilidade.

«No meu consultório existe uma balança, uma fita métrica e um aparelho para medir a pressão arterial. Mais nada.»


O exame do primeiro trimestre
Este deve ser o primeiro exame ecográfico da gravidez. Recomenda-se que seja realizado entre as 11 e as 13 semanas de gestação. Objectivos:
1) Confirmar a idade da gravidez.
2) Saber quantos fetos existem.
3) Se existir mais do que um, saber quantos sacos e quantas placentas.
4) Contribuir para a determinação do risco para um tipo específico de doença no feto ¿Síndroma de Down - causada normalmente por uma anomalia no número de cromossomas, trissomia 21.
5) Medir a prega da nuca.
6) Verificar se o feto está vivo (isto é, se o coração tem batimentos).
7) Tentar excluir algumas anomalias que se podem identificar nesta altura.


O exame do segundo trimestre
Idealmente, deve realizar-se entre as 20 e as 22 semanas. É um dos exames mais exigentes, em termos de capacidade técnica de quem o efectua, embora menos importante em termos de qualidade do equipamento usado. Objectivos:
1) Avaliação detalhada da anatomia do feto para exclusão de um conjunto importante de defeitos que podem atingir qualquer gravidez. Pretende-se, com este exame, permitir aos pais a opção de evitar o nascimento de um bebé com alguma das doenças graves que se conseguem identificar.
2) Acessoriamente, é efectuada a verificação da continuação da viabilidade da gravidez (batimentos cardíacos com actividade normal, líquido amniótico em quantidade normal) e da normalidade do crescimento fetal através da medição de algumas dimensões do feto.
3) Confirmação do sexo do bebé.


O exame do terceiro trimestre
O terceiro exame ecográfico realiza-se entre as 28 e as 32 semanas de gravidez. O principal objectivo deste exame é avaliar aquilo que é secundário no exame do segundo trimestre. Objectivos:
1) Avaliação do crescimento fetal através da medição de algumas dimensões do bebé. Se bem que a maioria dos fetos que parecem estar a crescer pouco sejam normais, alguns poderão necessitar de avaliações complementares.
2) Verificação da presença de sinais indirectos de viabilidade e bem-estar do feto (batimentos cardíacos, líquido amniótico normais).
3) Avaliação da posição da placenta;
4) Avaliação da posição do feto;
5) Reavaliação da anatomia do feto para identificar alguns defeitos de expressão tardia ou outros que não tenham sido diagnosticados no exame anterior. De recordar que, nesta fase, muitas estruturas são já de difícil avaliação dadas as dimensões do bebé.

Ecografias: não convém abusar




Os investigadores temem que a energia gerada pelos aparelhos utilizado possa aumentar a temperatura do tecido do bebé.

Um artigo publicado na revista British Medical Journal aconselha os futuros-pais a evitarem fazer ecografias em excesso.

A recomendação surge na sequência do aparecimento de empresas particulares que oferecem imagens de ecografias em CD e em DVD apenas como recordação.

Apesar de não existirem provas de que as ecografias possam causar algum problema, os investigadores temem que a energia gerada pelos aparelhos utilizado possa aumentar a temperatura do tecido do bebé.

Por isso, os autores do artigo sublinham que este tipo de exames deve ser usado apenas se existir algum benefício médico e não de forma casual.

A Food and Drug Administration (FDA), entidade Americana que regula o uso de medicamentos e alimentos, fez o mesmo aviso aos pais.

retirado da revista Pais&Filhos