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“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O aumento das taxas de cesarianas é prejudicial para as mães e bebés


Fonte HumPar


O ICAN - International Cesarean Awareness Network ( www.ican-online.org ) destaca os 15 estudos científicos realizados em 2006, os quais deveriam manter as mães longe dos blocos operatórios.


Os 15 principais estudos de 2006 são:


1 - Mortalidade infantil e neonatal em cesarianas e partos vaginais em mulheres primíparas sem indicadores de risco. Realizado nos Estados Unidos, estudo de grupos de partos entre 1998 e 2001. (Infant and Neonatal Mortality for Primary Cesarean and Vaginal Births to Women with "No Indicated Risk," United States, 1998–2001 Birth Cohorts .MacDorman, et al., Birth: Issues in Perinatal Care; Volume 33; Page 175; September 2006).
Desenho do estudo: Os investigadores compararam os resultados das cesarianas com os dos partos vaginais em mulheres que não tinham nenhum factor de risco prévio ou complicações médicas.
Conclusão: O risco de morte para os bebés nascidos por cesariana foi quase 3 vezes maior do que o dos bebés nascidos por via vaginal.

2 - Complicações maternas associadas às cesarianas múltiplas (Maternal Complications Associated With Multiple Cesarean Deliveries. Nisenblat, et al., Obstetrics and Gynecology; Volume 108; Page 21; 2006).
Desenho do estudo: Os autores examinaram as consequências para a saúde materna ao passar por múltiplas cesarianas.
Conclusão: As cesarianas múltiplas estão associadas a uma cirurgia mais difícil e com uma maior perda de sangue comparadas com uma segunda cesariana programada. O risco de complicações importantes aumenta com o número de cesarianas.

3 - Cesariana anterior e risco de placenta previa e descolamento de placenta (Previous Cesarean Delivery and Risks of Placenta Previa and Placental Abruption. Getahun, et al., Obstetrics and Gynecology; Volume 107, No. 4, April 2006)
Desenho do estudo: Parâmetros do estudo: Os autores examinaram o risco de placenta prévia e do descolamento da placenta em mulheres com antecedentes de cesariana. Tanto a cesariana prévia como o descolamento são causas importantes de lesões e mortes no parto.
Conclusão: Ter antecedentes de cesariana aumenta a possibilidade de placenta prévia e descolamento da placenta, e cada cesariana adicional incrementa o risco ainda mais. As mulheres que só tiveram partos vaginais ou que apenas tiveram uma cesariana quase não têm esse risco.

4 - Taxas de cesarianas e resultados das gravidezes: O estudo global da O.M.S. sobre saúde materna e perinatal na América Latina (Caesarean delivery rates and pregnancy outcomes: the 2005 WHO global survey on maternal and perinatal health in Latin America. Villar, et al., The Lancet, June 3 2006; 367(9525):1819-29).
Desenho do estudo: Os autores analisaram 97,095 partos em oito países da América Latina à procura das relações entre o parto por cesariana e o resultado da gravidez.
Conclusão: As taxas de cesarianas associaram-se positivamente com lesões graves e morte das mães, inclusive depois de corrigir os factores de risco, e de morte para os bebés.

5 - Risco de ruptura uterina durante o esforço de parto em mulheres com uma ou várias cesarianas anteriores. (Risk of uterine rupture with a trial of labor in women with multiple and single prior cesarean delivery. Landon, et al., Obstetrics and Gynecology July 2006; 108:2-3,12-20)
Desenho do estudo: Os autores analisaram se o risco de ruptura uterina é maior em mulheres com várias cesarianas.
Conclusão: Múltiplas cesarianas não aumenta o risco de ruptura uterina e os autores assinalam que o parto vaginal depois de cesariana deveria ser uma opção para estas mulheres.

6 - PVDC versus cesariana programada electiva: Avaliação da saúde materna global (Vaginal birth after caesarean section versus elective repeat caesarean section: assessment of maternal downstream health outcomes. Pare, et al., British Journal of Obstetrics and Gynecology; Volume 113; Page 75; Jan 2006).
Desenho do estudo: Os investigadores compararam as taxas de histerectomias em mulheres que tinham um parto depois duma cesariana anterior e planeavam ter mais filhos. Conclusão: Uma política de cesarianas electivas repetidas associou-se a uma taxa acumulada de quase o dobro de histerectomias.

7 - Esforço de parto ou cesariana electiva em mulheres com obesidade mórbida e cesariana anterior (Trial of Labor or Repeat Cesarean Delivery in Women With Morbid Obesity and Previous Cesarean Delivery. Hibbard, et al., Obstetrics and Gynecology; Volume 108, Page 125, July 2006).
Desenho do estudo: Os investigadores compararam os partos de mulheres com uma cesariana anterior em relação com o índice de massa corporal materno.
Conclusão: As mulheres com obesidade mórbida e seus bebés tinham um risco maior de lesões quando o filho nasce por cesariana repetida.

8 - PVDC na Califórnia. Antes e depois da mudança dos protocolos clínicos. (Vaginal Birth After Cesarean in California: Before and After a Change in Guidelines Zweifler, et al., Annals of Family Medicine, May/June 2006;4(3):228-234).
Desenho do estudo: Os investigadores analisaram se os protocolos mais restritivos com o PVDC elaborados pela ACOG e implementado pelos profissionais e os hospitais melhoraram a saúde das mães e bebés.
Conclusão: Os investigadores verificaram que os protocolos mais restritos impostos nas mulheres com uma cesariana anterior e naquelas que desejavam um PVDC não se traduziram numa melhoria na saúde das mães ou dos bebés.

9 - Ruptura uterina e parto com uma cesariana anterior inferior transversa (Uterine rupture and labor after a previous low transverse caesarean section. Turner, et al., British Journal of Obstetrics and Gynecology June 2006; 113:729–732)
Desenho do estudo: Os autores analisaram os partos de 4,021 mulheres que tinham uma cesariana anterior prévia e os 9 casos de ruptura uterina completa que sucederam no parto.
Conclusão: A prova de parto em mulheres com una cesariana anterior transversal inferior associa-se a uma alta taxa de partos vaginais (78%) e a uma baixa taxa de ruptura uterina (0,22%).

10 - Variações geográficas no uso adequado do parto por cesariana (Geographic Variation in the Appropriate Use of Cesarean Delivery Baicker, et al., Health Affairs 25 (2006): w355–w367; August 2006). Desenho do estudo: Os autores examinaram se o aumento do uso de cesarianas reflecte o uso médico inadequado desta cirurgia.
Conclusão: Os autores verificaram que as taxas de cesarianas variavam amplamente e que as altas taxas de cesarianas só eram parcialmente devidas a necessidade médica e foram muito influenciadas por factores não médicos como o medo de possíveis processos em tribunal. As altas taxas de cesarianas correlacionam-se com um deterimento do valor médico para os pacientes e não significam uma melhoria absoluta da saúde das mães e bebés.

11 - Perfis de risco materno e taxa de cesarianas primarias nos Estados Unidos. (Maternal Risk Profiles and the Primary Cesarean Rate in the United States, 1991-2002. Declerq, et al., American Journal of Public Health; May 2006)
Desenho do estudo: Os investigadores examinaram os factores de risco médico das mães e compararam-nos com as taxas de cesarianas.
Conclusão: A crescente taxa de cesarianas não é devida a um aumento dos factores de risco das mães.

12. Fisiologia do liquido fetal pulmonar: limpeza e efeito do parto. (Physiology of Fetal Lung Fluid: Clearance and the Effect of Labor - Jain, et al., Seminars in Perinatology 2006)
Desenho do estudo: Este trabalho examina de que forma o trabalho de parto ou a ausência do mesmo pode afectar a capacidade do bebé de respirar após o parto.
Conclusão: O trabalho de parto e o parto vaginal preparam os pulmões do bebé para a respiração. Inclusive para os bebés maduros, nascer por cesariana priva o bebé de importantes mudanças hormonais que ocorrem antes e durante o parto, e aumentam o risco de dificuldades respiratórias e de morte para o bebé.

13 - Factores que influenciam a composição microbiótica intestinal na primeira infância (Factors Influencing the Composition of the Intestinal Microbiota in Early Infancy.Penders, et al., Pediatrics, Volume 118, Number 2, August 2006).
Desenho do estudo: Os investigadores examinaram a quantidade de bactérias sãs e patológicas nos intestinos do recém nascido conforme o tipo de parto.
Conclusão: As bactérias no intestino afectam a saúde total e o sistema imunitário dos bebés. Os bebés nascidos por cesariana tinham contagens maiores de bactérias patogénicas e menor número de bactérias benéficas, e os bebés nascidos por via vaginal e em casa tinham contagens mais altas de bactérias sãs e contagens menores em relação às bactérias patogénicas.

14 - Cinco anos após o estudo de pélvicos a termo: A subida e a queda dum estudo controlado seleccionado randomizado. (Five years to the term breech trial: The rise and fall of a randomized controlled trial Glezerman, Obstetrics and Gynecology; Volume 194; Page 20; January 2006).
Desenho do estudo: O autor examina a metodologia do bem conhecido ensaio de nádegas a termo de Hannah e cita as inconsistências.
Conclusão: A maioria dos casos de morte e de morbidade neonatal no ensaio de nádegas a termo não se podem atribuir ao modo de parto. Por outra parte, a análise do resultado depois de 2 anos não demonstrou nenhuma diferença entre os partos vaginais e abdominais dos bebés de nádegas. O autor conclui que a "sabedoria convencional" de cesariana para os partos de nádegas deve ser retirada.

15 - O parto vaginal continua a ser uma opção nos partos de nádegas a termo? Resultado dum estudo de observação prospectivo na França e Bélgica. (Is planned vaginal delivery for breech presentation at term still an option? Results of an observational prospective survey in France and Belgium Goffinet, et al.,Obstetrics and Gynecology Volume 194, Issue 4 , April 2006, Pages 1002-1011).
Desenho do estudo: Os investigadores compararam resultados entre as cesarianas programadas e os partos vaginais de nádegas planeados em 8.105 mulheres na França e Bélgica.
Conclusão: Das que planearam um parto vaginal, 71% tiveram êxito e não houve diferenças significativas nos resultados entre os partos vaginais e as cesarianas.
Fonte: ICAN - International Cesarean Awareness Network ( www.ican-online.org )

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