Sobre o blog:
“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones
segunda-feira, 11 de março de 2013
O IMPACTO DAS CRÍTICAS NA AUTOESTIMA
Duas coisas que certamente influenciam bastante o comportamento das crianças são as críticas e elogios. Os exemplos dados pelos adultos também influenciam bastante as crianças, mas vamos focar neste artigo nas críticas e elogios para entender como elas afetam o desenvolvimento do ser humano.
Tudo que é dito com emoção para uma criança tende a gerar nela uma emoção correspondente. Essas emoções, por sua vez, criam marcas e ficam armazenadas dentro da criança, de forma consciente ou inconsciente. Quando algo é dito com um sentimento bom, gera uma memória boa, mas, quando o que é dito vem com um sentimento negativo, a criança armazena aquela impressão. As emoções têm um poder de gravar dentro de nós sensações, pensamentos, imagens e sentimentos que podem nos acompanhar pelo resto da vida.
É fácil perceber a força com a qual as emoções ficam gravadas no nosso campo emocional. Uma lembrança específica da nossa infância de um momento onde recebemos carinho dos nossos avós nos trará um bom sentimento. Aquela emoção ficou gravada e até hoje provoca bem estar; a lembrança será boa de ser revivida. Por sua vez, a lembrança de uma sova que levamos quando crianças, pode trazer sensações bem desagradáveis ao ser relembrada. Esse é o poder que as emoções têm de imprimir em nós sensações boas ou más.
A partir desse princípio, para criar um ser humano saudável emocionalmente, cheio de bons sentimentos, seria ideal gerar na criança muitos momentos repletos de boas emoções. Elogios feitos com ênfase, com sorrisos e afagos, são ótimos para impregnar a criança com bons sentimentos. Através desse amor que a criança recebe, ela vai se fortalecendo e aprende a amar a si mesma desenvolvendo uma excelente autoestima.
Já as críticas e repreensões deixam marcas emocionais negativas, pois elas vêm carregadas de sentimentos negativos dos pais: raiva, frustração, decepção e medo muitas vezes. Conforme já vimos, isso vai imprimir vários sentimentos negativos na criança, que se vão somando uns aos outros. O acúmular dessas emoções vai gerar problemas mais complexos, baixando a autoconfiança e autoestima da criança.
O problema é que na maioria das famílias, o elogio costuma ser raro. E quando é feito, é com pouco entusiasmo, sem emoção, deixando poucas marcas positivas na criança. Já quando se trata de críticas e repreensões, estas vêm carregadas de sentimentos negativos. No final das contas, o balanço geral no histórico da vida da criança, vai haver muito mais marcas negativas do que positivas.
Existe ainda a crença de que os acertos e bons comportamentos da criança deveriam ser normais, por isso, não se vê razão para elogiá-los. Sendo assim, a criança tira um boa nota e não ouve nada de positivo. Mas, se tirar uma nota baixa entre as boas, é provável que ouça críticas ou comentários nos quais os pais demonstram sentir a frustração e decepção.
E assim somos bombardeados desde pequenininhos por nossos pais inconscientes, que por sua vez também foram criados desse forma. Aprendemos a valorizar e a dar mais atenção às coisas negativas, gerando mais sentimentos negativos, e a ignorar as coisas positivas.
Criamos então um ser humano crítico consigo mesmo, que tem dificuldade em ver as suas próprias qualidades, mas que consegue ver mil defeitos em si mesmo. Aumenta a auto cobrança, a auto depreciação e os sentimentos de menos valia. Toda essa negatividade se refletirá em problemas de relacionamento, dificuldades de crescimento profissional, insegurança sobre o caminho a seguir na vida e inúmeras questões que são afetadas pela nossa autoestima.
Felizmente podemos limpar essas marcas emocionais que ficaram impregnadas das críticas e repreensões, fazendo um trabalho de libertação emociona e dessa forma iremos melhorar a nossa autoestima.
Será que é possível dar limite as crianças sem criticas e repreensões? Sim. Dar limites é saudável, ajuda a criança a desenvolver-se e a respeitar os outros. Na verdade, é essencial, as crianças precisam de limites e respeitam pais que sabem dar a limitação na medida certa. Esse é um tema que exigiria mais explicações. O que é importante agora, é apontar a diferença entre o que é dar um limite, e o que é criticar e repreender. As críticas e repreensões vêm carregadas de julgamentos e sentimentos negativos dos pais: raiva, frustração, decepção, tristeza... Já o limite, esse vem de forma firme e clara, sem culpa ou qualquer outra emoção negativa.
Para aqueles que tem filhos ou que pretendem ter, é importante ficar atento para não repetir a velha forma de criticar e destruir a autoestima dos filhos. E para aqueles que já perceberam os erros e se ficam culpando por isso, perdoem-se a si mesmos. Certamente fizeram o melhor que sabiam fazer. Nunca é tarde para mudar e começar a elogiar. A culpa traz apenas consequências negativas e dificuldades em lidar com os filhos e colocar limites com firmeza.
André Lima
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