Sobre o blog:
“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones
sábado, 8 de setembro de 2012
Menstruação Sagrada
A palavra “menstruação” deriva do latim mens e significa “lua” e “mês”. Segundo Priscila Di Cianni, a “primeira forma de medir o tempo foi pelo ciclo menstrual das mulheres.
A sincronia entre o ciclo lunar e o menstrual refletia o vínculo entre as mulheres, a Lua e as deusas da fertilidade”. Muitos estudiosos do assunto afirmam que no passado acreditava-se que “o poder da mulher viria de seu sangue, e por isso ela não deve desprezá-lo, mas considerá-lo sagrado. Era como se o sangue menstrual ligasse a mulher ao poder da Criação”.
As religiões e as mitologias dão uma boa indicação disso, senão vejamos:
“O deus Nórdico Thor alcançou a terra mágica de encantamento e vida eterna por banhar-se em um rio cheio com o sangue menstrual das “mulheres gigantes”. As Primeiras Poderosas” que governavam os deuses mais antigos antes que Odin trouxesse seus “Asiáticos” do leste”.
Os índios da América do Sul dizem que toda a humanidade foi feita de "sangue menstrual. Uma concepção presente também na Mesopotâmia, na qual a Deusa Ninhursag (Grande Mãe) fez a raça humana com barro e com o "sangue da vida".
Para os taoístas, um homem que anseia à imortalidade ( ou ter uma vida longa), precisaria do sangue menstrual, do suco vermelho yin, oriundo do "Portão Misterioso da mulher".
No entanto, com o surgimento das sociedades patriarcais, o sangue menstrual passou a ser visto como sujo e maligno, "o que não deixa de ser irônico, visto que o sangue menstrual é o maior indicativo da fertilidade de uma mulher".
Notemos que são muitos poucos, hoje, inclusive entre as mulheres, que valorizem a menstruação da mulher, ao contrário, é um discurso comum as lamentações em torno da fase de menstruação. No próprio texto bíblico, as mulheres menstruadas passaram a ser “consideradas impuras e sujas e deviam ser mantidas longe da restante família, dos lugares santificados e de todas as coisas santas durante a duração do seu período”.
Mirella Faür: “Enquanto que nas sociedades matrifocais as sacerdotisas ofereciam seu sangue menstrual à Deusa e faziam suas profecias durante os estados de extrema sensibilidade psíquica da fase menstrual, a Inquisição atribuía a esse poder oracular a prova da ligação da mulher com o Diabo, punindo e perseguindo as mulheres ‘videntes’. Originaram-se daí a imensidão de tabus, de proibições e de superstições relacionadas ao sangue menstrual, o vermelho feminino incorpora, então, aspectos obscuros e depreciativos. Para a autora "milênios de supremacia e domínio patriarcal despojaram as mulheres de seu poder inato e negaram-lhe até mesmo seu valor como criadoras e nutridoras da própria vida ”. Mirella chega a afirmar que o resultado de tudo isso “é a tensão pré-menstrual, as cólicas, o ciclo desordenado, o desconhecimento dos ritos de passagem e dos mistérios da mulher”.
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