Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

quarta-feira, 23 de março de 2011

Bater é educar?

Os castigos corporais a crianças, mesmo os praticados no seio da família, são proibidos e punidos em Portugal desde 2007!
O artigo 152 do código penal português foi revisto em 2007 e estabelece que os castigos corporais, a privação da liberdade das crianças e as ofensas sexuais são punidos com penas de um a cinco anos de prisão, podendo as penas aumentar consoante a gravidade da ofensa.




‎"Uma história contada pela escritora Astrid Lindgren ilustra a irracionalidade do castigo físico e como ele é visto pelos olhos de uma criança. Uma senhora contou que quando era jovem não acreditava no castigo físico como uma forma adequada de educar uma criança, apesar do pensamento comum da época incentivar o uso de um fino galho de árvore para corrigir a criança. Um dia, o seu filho de 5 anos fez alguma coisa que ela considerou muito errada e, pela primeira vez, sentiu que deveria dar-lhe um castigo físico. Ela disse para que ele fosse até o quintal da sua casa e encontrasse um galho de árvore para que a mãe pudesse aplicar-lhe a punição. O menino ficou um longo tempo fora de casa e quando voltou estava a chorar e disse para a mãe: "Mãezinha, eu não consegui encontrar um galho, mas achei uma pedra com que odes bater-me". Imediatamente a mãe entendeu como a situação é sentida do ponto de vista de uma criança: se a minha mãe quer bater-me, não faz diferença como e com o quê; ela pode até fazê-lo com uma pedra. A mãe pegou no seu filho ao colo e ambos choraram abraçados. Ela colocou aquela pedra na sua cozinha para se lembrar: nunca use violência."

Existe uma confusão entre o efeito e o que se aprende de facto com as palmadas e outras agressões físicas. O sintoma que incomoda, a birra por exemplo, desaparece, a criança sente medo e pára, mas passa a ter novos sentimentos mais difíceis a enfrentar como a mágoa pela palmada, a frustração por não ser compreendido, o ressentimento por não ser ajudado pela pessoa amada, a impotência por ser mais fraco o medo de mais castigos, etc.

Que tal substituirmos a palmada pela escuta activa da criança? Encarar a raiva dos filhos de maneira construtiva ajuda-os a aceitar todas a partes de si mesmo sem julgamentos negativos, é a base da auto-estima.

Recomendo a leitura de "A auto-estima do seu filho" deDorothy Corkille Briggs e

"Inteligência emocional: e a arte de educar nossos filhos" de J.Gottman e J. DeClaire

PENSE 20 VEZES ANTES DE BATER


1. Bater em alguém mais fraco é em si um acto de covardia.

2. A palmada tende a ir perdendo seu efeito a longo prazo e a criança aos poucos teme menos a agressão física. A tendência dos pais é, então, bater mais e mais.

3. A palmada não resolve os conflitos comuns às relações pais e filhos: muitas das crianças que apanham, mesmo sentindo-se magoadas e amedrontadas, enfrentam os pais dizendo que a "palmada não doeu", e o que era apenas uma palmadinha no rabo, acaba numa agressão física violenta.

4. A palmada, aos poucos, pode afastar severamente pais e filhos, pois a agressão física, não faz a criança pensar no que fez, desperta-lhe raiva contra aquele que a agrediu.

5. Os danos emocionais impostos pela agressão física são geralmente mais duradouros e prejudiciais que a dor física.

6. Bater pode ser uma experiência traumática para a criança não apenas pela dor física, mas principalmente porque coloca em risco a credibilidade depositada por ela nos pais.

7. A criança não se sente segura se a sua segurança depende de uma pessoa que se descontrola e para com a qual tem ressentimentos.

8. A criança que apanha tende a ver-se como alguém que não tem valor.

9. Aos poucos a criança aprende a enganar e descobre várias maneiras de esconder as suas atitudes com medo da punição.

10. A criança pode aprender a mostrar remorso para diminuir a sua punição, sem no entanto senti-lo realmente.

11. Para a criança a palmada anula a sua conduta: é como se ela tivesse pago pelo seu erro, e por isso pensa que pode vir a cometê-lo de novo.

12. A palmada não ensina à criança o que ela pode fazer, mas apenas o que não pode fazer, sem que saiba ao menos o motivo. A criança só acredita ter agido realmente mal quando alguém lhe explica o porquê e quando percebe que sua atitude afecta o outro.

13. O medo da palmada pode impedir a criança de agir mal, mas não faz com que ela tenha vontade de agir certo

14. A palmada tem um carácter apenas punitivo, e não educativo; ela pode parecer o caminho mais fácil a ser seguido, porque aparentemente tem o efeito desejado pelos pais. É comum a criança inibir o comportamento indesejado por medo, e não pela convicção de que agiu de maneira inadequada.

15. Muitas das crianças que apanham aprendem a adquirir aquilo que querem através da agressão física e, não raras vezes, apresentam na escola condutas agressivas com os colegas.

16. Uma palmada, para um adulto, pode parecer inofensiva. Porém é importante saber que cada criança atribui um significado diferente ao facto de “levar umas palmadas”, podendo tornar-se uma experiência marcante em sua vida futura. Além disso, independente da intensidade do bater, o acto continua a se o mesmo: um acto de violência contra um ser desprotegido.

17. Bater é uma forma de perpetuação da “cultura da violência” tão presente nas relações entre as pessoas nos dias actuais, ensina às crianças que os conflitos resolvem-se por meio de agressão física.

18. Bater nos filhos muitas vezes acaba por gerar nos pais fortes sentimentos de culpa, o que os leva a procurar compensar sua atitude posteriormente “afrouxando” aquilo que procuravam corrigir.

19. Bater é um atestado de fracasso que os pais passam a si próprios (Zagury, 1985) porque demonstram para a criança que perderam o controle da situação.

20. O sentido da justiça está em fazer aos outros aquilo que gostaríamos que nos fizessem.Quando nós adultos agimos de maneira inadequada, não esperamos punição.


Devemos ser o exemplo, sempre... uma criança agredida vai ser um futuro agressor...

Tento não gritar, não bater, pois acredito ser importante resolver os problemas pelo dialogo.

Ler sobre Attachment Parenting ajudou-me a estar mais ligada aos seus filhos e desenvolver a minha intuição, e ... a pedir ajuda quando estou cansada...

Outro livro que recomendo e o Bésame Mucho do Carlos Gonzalez

Sites onde procurei informação para escrever este post
http://www.leisecacontrapalmadas.com.br/
http://www.pediatriaradical.com.br/

Recomendo também os encontros de educação intuitiva http://apilisboa.blogspot.com/ onde podem contar com o apoio da Natália Moderadora do Attachment Parenting International (Educação Intuitiva)

E vocês já bateram nos vossos filhos? Como se sentiram? Como resolvem as birras?

Sem comentários: