Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Dor no parto...

Seja qual for a forma, por enquanto misteriosa, da minha dor, ela será minha e já é minha. A dor do parto não será uma dor imposta. Não tem nada a ver com a dor do corpo machucado ou ferido. Esta sim, enfraquece, avilta,destrói. Esta merece ser anestesiada. Não a dor do nascimento. Não quero. Ouvi muitas mulheres falarem das dores do parto como um sofrimento imposto. Para elas, a sensação dolorosa das contracções é intolerável, é uma maldição herdada de mãe para filha, uma passagem compulsória e inaceitável na era em que a farmacopéia permite sua isenção. Calar essa dor parece-lhes vital. Eu as entendo. Entendo sobretudo porque elas estão se preparando para dar à luz em lugares frios e impessoais, nos quais todo o mundo só fala de dor a suportar ou de anestésicos milagrosos que podem dar alívio.
Mas não será um engodo? Por trás do discurso anti-dor das mulheres não haverá outra coisa? O medo do desconhecido, o medo da emoção, o medo de ser mãe, o medo de ser responsável por um outro ser. Será que a anestesia consegue aliviar esses medos?(...)
Deixar a própria dor manifestar-se pode ser indispensável, porque isso ajuda a mãe a conhecer-se melhor, inclusivé a conhecer seu próprio nascimento. Nascer outra vez ao dar a vida.


Quando o corpo consente, Marie Bertherat

1 comentário:

*^_^* disse...

Que texto magnífico! Até arrepios na espinha senti e uma leve comichão num dos pontos no rabiosque que levei há 14 meses atrás. É engraçado como o corpo reage.

O meu parto foi assim: http://osnoivoscom.blogspot.com/2008/07/o-dia-mais-incrvel-das-nossas-vidas.html

Um dia intenso!