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“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Porque não marcar uma cesariana?

A cesariana electiva ( marcada ), como uma cirurgia abdominal de grande porte, apresenta grandes riscos.

Os dados mais credíveis sobre mortalidade materna encontram-se no "Inquérito Confidencial do Reino Unido sobre Morte Materna" ("UK Confidential Enquiries into Maternal Deaths"). Embora possa ter sido uma política obstétrica omitir o capítulo habitual sobre mortalidade materna relacionada à cesariana, dois cientistas calcularam essa taxa a partir de dados do relatório. (Hall M, Bewley S. Maternal mortality and mode of delivery. Lancet 1999; 354: 776 ) Uma cesariana electiva sem característica de emergência apresentou um risco 2,84 vezes maior de morte materna do que um parto vaginal nas mesmas condições.

Outros riscos incluem a morbidade associada a qualquer procedimento cirúrgico abdominal de grande porte (acidentes anestésicos, danos aos vasos sanguíneos, prolongamento acidental da incisão uterina, danos à bexiga ou a outros órgãos). 20% das mulheres desenvolvem febre após a cesariana, na maioria das vezes devido a infecções.

Existem também os riscos relacionados à existência de uma cicatriz no útero, incluindo diminuição da fertilidade, aborto, gravidez ectópica, placenta abrupta e placenta prévia.

Numa cesariana de emergência em que o bebé apresenta algum problema durante o trabalho de parto, os riscos da cirurgia para o bebé são superados pelos riscos de não realiza-la, mas nos casos em que o bebé está bem, ainda existem riscos, o que significa que uma mulher que escolhe a cesariana submete seu bebé a um perigo desnecessário.

O primeiro risco é o bisturi lacerar o bebé (de 1,9% nas apresentações cefálicas a 6% nas apresentações não-cefálicas) Smith J, Hernandez C, Wax J. Fetal laceration injury at cesarean delivery. Obstet Gynecol 1997; 90: 344–46.

Um risco muito mais sério é o de complicações respiratórias. O procedimento da cesariana por si só é um forte factor de risco para a síndrome da angústia respiratória em bebés prematuros, e para outras formas de disfunções respiratórias em bebés a termo. O risco de o bebé apresentar a síndrome da angústia respiratória é significativamente reduzido quando se permite à mulher entrar em trabalho de parto antes da cesariana.
Outro perigo é a prematuridade iatrogênica, cesarianas electivas após o início do trabalho de parto reduziriam este risco. Tanto a síndrome da angústia respiratória quanto a prematuridade são causas importantes da morbidade e mortalidade neonatais.

- 9.3% dos bebés que nasceram de segunda cesariana foi admitido nos Cuidados Intensivos Neonatais por problemas respiratórios e apenas 4.9% dos bebés que nasceram de um VBAC;

- 41.5% dos bebés que nasceram de segunda cesariana precisou de oxigénio na sala de parto, e apenas 23.2% dos bebés nascidos de VBAC;

- depois de admitidos nos cuidados intensivos 5.8% dos bebés nascidos de segunda cerariana precisou de oxigénio e apenas 2.4% dos bebés nascidos de um VBAC.

Ver aqui:
http://health.usnews.com/articles/health/healthday/2009/05/21/risk-to-baby-rises-with-repeat-c-sections.html?PageNr=1

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