Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

sábado, 16 de março de 2013

Fugir da dor do parto

O nosso inconsciente guarda memórias e sentimentos do passado como o nosso nascimento, os filhos que parimos, a culpa por ter feito algo, a rejeição sofrida na infância, a tristeza de uma perda e muitos outros sentimentos. A verdade é que guardamos uma nuvem de negatividade latente dentro de nós.

Desenvolvemos mecanismos de ocultar os sentimentos, reprimi-los,não senti-los. É a maneira com a qual lidamos com essas coisas tão incómodas que guardamos - NÃO SENTIR!

Mas a nossa tentativa de esquecer ou de não sentir é apenas uma ilusão. Se está lá dentro guardado, a energia provocará sofrimento de qualquer maneira. Mesmo não sentido directamente, a negatividade está dentro de nós,  causando mal-estar. Aquilo que chamamos de "ansiedade" é o sintoma dessa nuvem negra acumulada dentro de nós. A ansiedade é a acumulação reprimida dessas emoções desagradáveis que não queremos sentir.


Com a dor do parto é a mesma coisa! Podemos levar uma epidural para não sentir, reprimindo a nossa essência feminina, mas quando nos permitimos sentir acredito que nos transformamos em Mulheres poderosas! A dor "mascarada" pela epidural faz adormecer todo o nosso potencial como seres humanos, como mulheres, como mães e como mamíferas! Faz-nos mães mais ansiosas, com dores guardadas, dores não paridas!

A dor do parto permite que desliguemos o nosso lado racional, percamos o controle, esqueçamos o correto. Permite que esqueçamos a mulher bem comportada, que a sociedade patriarcal exige e nos transformemos em verdadeira lobas, mamíferas que uivam, gritam e "descontrolam-se " no momento de parir as suas crias!

A dor é nossa amiga, leva-nos até um mundo subtil, onde o bebé se conecta connosco. Perdemos a noção do tempo e espaço. Para entrar no túnel da ruptura, é indispensável abandonar mentalmente o mundo concreto.

"Porque parir, é passar de um estágio a outro. É um rompimento espiritual e como todo rompimento, provoca dor. O parto não é uma enfermidade a ser curada. É uma passagem para outra dimensão" Laura Gutman


Eu acredito que o nosso medo mais profundo é o de sermos imensamente poderosas!

Não é tanto o medo da dor do parto, é o medo da mulher poderosa que pode dai nascer!

É a nossa luz, não a escuridão que mais nos assusta!


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