A violência contra a mulher manifesta-se desde que a mulher foi destronada do seu saber ancestral e o culto da Deusa Mãe apagada do mundo, substituído pelo culto do Deus pai... Isso aconteceu de forma progressiva em todo o planeta...Primeiro com as invasões bárbaras e depois com o domínio da sua religião patriarcal, os homens e toda a sua cultura misógina e as suas armas, destruíram o resto. Dessa maneira a mulher foi perdendo paulatinamente o seu poder social e consequentemente também pessoal, mas perdeu principalmente não só a sua integridade como ser individual, como a sua profunda identidade e o facto é que mesmo após uma suposta igualdade social, a dos dias de hoje, com as feministas a lutar por direitos e igualdade, a mulher atingiu alguns patamares de parceria com os homens mas sem nunca terem atingido a sua plenitude interior e poder pessoal interno. Isso deve-se ao facto de ela nunca ter equacionado a sua divisão interna, a divisão das mulheres no mundo em duas espécies de mulheres e assim nunca recuperaram a sua verdadeira identidade que só pode acontecer na união dessas duas mulheres dentro de si mesmas.
E porque a mulher não sabe ainda de si, do seu potencial nem do seu poder interior foi e continua a ser vitima...penso, e esse é e será o meu propósito único aqui, continuar a tentar que a mulher se aperceba dele e tome consciência do seu valor intrinseco e dessa sua divisão interna, nas duas mulheres que a parte feminina da humanidade se tornou...ao serviço dos homens e da espécie.
Sem consciência dessa sua divisão tanto interna como externa, como sempre digo, essa violência vai continuar até porque é, de iniício, como todas sabemos, a própria mulher quem a comete sobre si mesma e sobre as outras mulheres...
Eu sei que isto que acabei de dizer pode até ser chocante...mas continuo a afirmar que enquanto a mulher não deixar de ser vítima de si e perseguir como culpadas as outras mulheres ela será sempre perseguida...de uma forma ou outra...pelo predador...
A força da Mulher está na união das duas mulheres...mas sem essa ConSciência não há união nem empatia...nem trabalho de grupo.
As mulheres em vez de se amarem e aceitarem – o que não acontece sem se exporem a esse processo de consciencialização de si enquanto mulheres-mulheres - continuam a odiarem-se e a agredirem-se umas as outras, mesmo por palavras...e esse é o registo traumático que as mantém separadas e divididas dentro de si mesmas. Elas perdoam todas as ofensas e violências ao predador, mas nunca perdoam a outra mulher. Nem a uma irmã ou a mãe...
Vemos isso num qualquer filme entre irmãs, ou mesmo entre filhas e mães, só porque uma irmã foi ocasionalmente para a cama com o namorado desta... o ódio é infernal e demolidor... (são séries sobre séries, filmes sobre filmes, telenovelas, a explorar esse ódio ancestral da mulher à mulher...por causa do homem e não só...)
E isso é MATRIZ DE CONTROLO a dividir as mulheres.
Texto escrito por Rosa Leonor Pedro
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