Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

terça-feira, 24 de maio de 2011

EPISIOTOMIA - Corte da vagina para alargar o canal vaginal

Eu subscrevi uma petição mundial contra as mutilações genitais femininas que acontecem em algumas tribos africanas, mas para mim, a episiotomia, é  também um tipo de mutilação genital com a desculpa de que foi para "ajudar o parto". A Organização Mundial de Saúde sustenta que esta prática não traz benefícios materno-fetais e que deveria ser de todo evitada na prática obstétrica pois não há nenhuma prova cientifica ou pesquisa académica que justifique ou aprove esta técnica por rotina!


A episiotomia é um procedimento cirúrgico quase universal que foi introduzido na prática clínica sem evidência científica que suportasse o seu benefício. O seu uso continua a ser rotineiro apesar de não cumprir a maioria dos objectivos pelos quais é justificado, isto é, não diminui o risco de lesões perineais severas, não previne o desenvolvimento de relaxamento pélvico e não tem impacto sobre a morbilidade ou mortalidade do recém nascido.
 
Originalmente, pensava-se que as episiotomias preveniam rasgos sérios e que curavam melhor que os rasgos naturais, mas os resultados muitos estudo mostram claramente o oposto – as episiotomias podem aumentar a gravidade dos rasgos durante o parto e fazerem com que a recuperação das mulheres seja mais difícil. Além disso, mulheres que já sofreram episiotomias têm os músculos da parede pélvica mais fracos e enfrentaram um desconforto maior quando retomaram a sua actividade sexual.
As episiotomias,  estão correlacionadas com um maior risco de lesão, maiores dificuldades na cura e mais dores, segundo uma análise baseada em 26 estudos efectuados. Os estudos encontraram evidência que a episiotomia não tem efeito aos níveis da incontinência, na resistência da parede do útero ou ainda na função sexual. Ainda, de acordo com os estudos as mulheres a quem foi aplicado o procedimento demoram mais tempo a retomar a sua actividade sexual. Aliás, o primeiro coito pós‑parto causou mais dor a estas mulheres!
 Médicos e pesquisadores têm-se afastado há algum tempo das recomendações de episiotomias de rotina, mas continuam a ser relativamente frequentes nos Estados Unidos. Em Portugal é uma prática largamente utilizada.

Espreitem este excelente artigo sobre a episiotomia "Uso Generalizado versus Selectivo" - da autoria das Dras. Bárbara Bettencourt Borges, Fátima Serrano, Fernanda Pereira do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Dr. Alfredo da Costa - Lisboa - Portugal. Um excelente olhar científico sobre esta rotina médica praticada em Portugal (em versão PDF).Deixo-vos a conclusão:

O uso profiláctico/rotineiro da episiotomia continua a ser praticado frequentemente apesar da ausência de evidência científica que suporte o seu benefício.


Pelo contrário, existe mesmo uma evidência clara de que a episiotomia pode trazer algumas sequelas.


Desta revisão ressalta que a episiotomia não cumpre a maioria dos objectivos pelos quais é justificada a sua utilização.


Não só não diminui o risco de lesão do períneo, sob a forma de roturas de grau III e IV, como, inclusive, as suas complicações podem agravar ainda mais estas lesões.


Não previne o desenvolvimento do relaxamento pélvico com também não tem impacto sobre a morbilidade ou mortalidade fetal.


Na verdade, os riscos associados ao seu uso são significativos e levam-nos a ponderar se perante esta ausência de suporte científico é correcto praticar um acto para o qual não se encontram benefícios que o justifiquem!”

È UM ESTUDO FEITO EM PORTUGAL POR GINECOLOGISTAS PORTUGUESAS!!!

Afinal o que é uma episiotomia? É o corte do músculo perineal que tem interferência directa na mobilidade, no coito e no parto, entre outras funções....
Quando este músculo é cortado durante o parto deixa de fazer uma das principais funções que é o da orientação fisiológica da cabeça do bebé para o nascimento e permitir suavidade na respectiva libertação.

No pós-parto, o musculo cortado limita a mobilidade da mulher, causa dores continuas e limita o posicionamento em especial no sentar e a execução de tarefas relativamente simples como  o vestir, etc.
A cicatriz resultante do corte perineal, muitas das vezes desenvolvem cicatrizes coloidais, que não só irá interferir nos partos posteriores limitando a distensão perineal e por isso torna inevitáveis as lacerações e/ou novas episiotomias, assim como são um dos principais responsáveis pelas dores nas relações sexuais...
De entre as estruturas que também poderão ficar afectadas com a episiotomia é a enervação sensitiva dos grandes e pequenos lábios vaginais e do clitóris, o que pode originar desde adormecimento parcial até à falta de sensibilidade genital. Quando se faz uma episiotomia, pode haver também a secção e corte das glândulas de Bartholin, que são responsáveis pela lubrificação da vulva e vagina externa, para assim facilitar a relação sexual, o que pode comprometer a sua funcionalidade posterior para além de a tornar susceptível para o desenvolvimento de infecções e assim aumentar-se a probabilidade de se repetirem as bartholinites.


TU PODES ESCOLHER NÃO SER SUBMETIDA Á ÚNICA INTERVENSÃO CIRÚRGICA POSSÍVEL DE FAZER SEM O TEU CONSENTIMENTO! INFORMA-TE!



Fazer o bebé nascer mais rápido não significa nascer melhor. Muitas mulheres sofrem esta VIOLAÇÃO sem saber os seus direitos!
Ter um filho não pode ser um acto de violencia, tem  de ser um acto DE AMOR!

1 comentário:

Elsa Filipe disse...

Boa tarde. Estava aler este artigo e as lágrimas a começarem a despontar. É mesmo assim. Dores. Muitas e ninguém as entende. Não nos levam a sério. Um desconforto horroroso, mesmo 8 meses depois d meu bebé nascer. Eu não escolhi ser cortada. Não poso fazer esforços sem perder urina, o que me raz dificuldades no meu dia-a-dia. E psicologica e emocionalmente afectou-me bastante também.