Peggy O’Mara, uma mãe e pedagoga, no prefácio do livro Natural Child de Jan Hunt, descreve maravilhosamente um novo paradigma de sociabilização, que, na minha opinião (e não só, como veremos) promove a edificação de pessoas tolerantes, amorosas e com um grande sentido de responsabilidade para com a comunidade (a tradução é minha):“A grande antropóloga, Margaret Mead, estudou tribos em todo o mundo. Ela afirmou que as tribos mais violentas eram aquelas que recusavam tocar nas crianças. Para mim, é muito simples. A propensão para actuar agressivamente está relacionada com necessidades não atendidas. Quando nós objectificamos os nossos bebés e manipulamos as suas necessidades legítimas para virem de encontro ao nosso próprio nível de conforto ou às nossas prescrições para a vida, sem o saber poderemos estar a colocá-los em risco.Poderemos, em vez disso, escolher rendermo-nos aos mistérios das necessidades do nosso bebé e às surpresas que ele ou ela nos trás, apenas por nos rendermos e adaptarmos às surpresas trazidas pelo novo amor. Um bebé é o nosso novo amor.Poderemos escolher o amor aceitando as legítimas necessidades humanas dos nossos bebés e respondendo às mesmas com um coração aberto? Isto requer que nós confiemos nos nossos bebés e acima de tudo que confiemos em nós mesmos. Cada um de nós é original. Estamos equipados para a tarefa mesmo que ainda estejamos a aprender a usar o nosso “equipamento”. Muitas das nossas decisões como pais têm mais a ver com o nosso estado de espírito do que com as particularidades de cada situação.Quando nós escolhemos a partir do amor, actuamos de forma muito diferente do que quando actuamos a partir do medo.(...) As crianças e os adultos não são diferentes. Temos os mesmos sentimentos. Crianças que são disciplinadas com amor respondem de forma amorosa. Os pais não são perfeitos, mas nós podemos reconhecer continuamente a crucial importância da forma como nos relacionamos as nossas crianças.(...). As crianças precisam de ser envolvidas na resolução dos problemas familiares. A punição interfere nos laços entre as crianças e os pais. As crianças têm um natural amor pela aprendizagem e não precisam de ser coagidas. “Dificuldades” na aprendizagem podem muito bem ser diferenças na aprendizagem. As crianças precisam de ser reconhecidas em público. As crianças merecem ser tratadas com respeito.(...) Muitos de nós fomos criados em culturas e famílias onde o controlo é altamente valorizado. As nossas crianças são frequentemente os nossos primeiros professores nesta matéria. Ao aprendermos a confiar neles, poderemos aprender que nós somos também dignos de confiança.É a possibilidade de não haver limites, por simplesmente confiarmos nos nossos filhos, o que assusta os pais.Perguntamo-nos como é possível manter a ordem e a harmonia nos nossos lares sem o controlo, sem a punição. (...) o lar baseado na empatia, compaixão e cooperação terá uma disciplina inerente que não precisa de ser imposta pela punição. É imposta pelo amor.Como mãe de filhos adultos posso confirmar a utilidade (...) da disciplina sem punição e de outras escolhas baseadas na confiança. Todas estas escolhas estão implícitas na relação igualitária que eu espero manter com os meus filhos. Eles são meus iguais, meus professores e meus amados. Eu tento lembrar-me disso quando interajo com eles.
Fonte: Peggy O’Mara ; Mothering Magazine; in , (2010) HUNT, Jan, The Natural Child - Parenting from the Heart; Gabriola Island, Canada; NEW SOCIETY PUBLISHERS
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Sobre o blog:
“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones
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