As doulas e sua sexualidade
Adriana Tanese Nogueira
Numa linha de consciência interior e de realização do ser para melhor fazer, segundo algumas doulas experientes, é importante que a doula esteja familiarizada e à vontade com sua própria sexualidade. Isso significa não só ter uma boa e satisfatória vida sexual (quando possível, no caso a doula tenha um parceiro), mas ter intimidade com os próprios órgãos sexuais.
Para ajudar outra mulher a se conectar com sua dimensão instintiva e animal (conforme a proposta de Michel Odent, por exemplo), a doula ou a educadora perinatal deve estar ela mesma próxima de sua instintualidade. Métaforas cor pastel para falar da sexualidade demonstram a falta de conexão com a mesma. A linguagem deve ser clara e direta, mas nem por isso escandalosa. Querer chegar ao ponto não é o mesmo que desejar criar espanto ou exibir uma suposta desinvoltura sexual. A mensagem deve ser também respeitosa. E isso é obtido não só pelo tom que se usa mas pelos nomes. Vulva é vulva, lábios, clitoris e vagina são o que são.
A maturidade da doula se mostra quando, após ter enfrentado com clareza os assuntos em pauta, ela também dá espaço para que as sensações que eles produzem seja elaboradas e trabalhadas, e possivelmente exteriorizadas. Séculos de pudor e vergonha não somem na nomeação descarada dos genitais femininos. Isso só seria inútil. É no acolhimento amoroso, mas lúcido, que se transforma a timidez das mulheres em aceitação, familiaridade, carinho e enfim empoderamento.
Mas tudo isso, somente é possível passar a outra pessoa quando o se tem vivido na pele. Por isso, ser doula é um assunto sério: quem está preparada para essa transparência sexual consigo mesma?
Sobre o blog:
“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones
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