Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Connection Parenting / Parentalidade em conexão



Reflexão de Adriana Candeias, PhD LCPH


Applied Homoepathy / Homeopatia Aplicada

Fisiologia e Homeopatia

http://www.appliedhomeopathy.co.uk/

Depois de ter encontrado a voz ao meu instinto no “Continuum Concept” de Jean Liedloff, tornar-me mãe num universo moderno-ocidental acabou por desvendar-me mais desafios do que julgava.

Em meu resgate veio o “Connection Parenting” de Pam Leo, mais um daqueles raros exemplos que demonstram quão pode uma mãe moderna beneficiar de umas quantas leituras.


Apesar do seu formato ao estilo de um manual escolar que poderá irritar as mentes mais académicas, a sumarização das ideias, os exemplos e as instruções fazem deste livro de auto-ajuda um “no-fuss” precioso amigo nos momentos de dúvida.
Ultimamente tenho-me deparado com situações de gestão de crise que me fizeram lembrar um capítulo específico do livro e a qual gostaria de partilhar convosco.
Resumindo, Leo afirma que nas relações com os filhos a coação deve dar lugar à conexão e que o amor deve substituir o medo. Para crescerem saudáveis, as crianças necessitam de criar uma conexão com pelo menos um adulto, criando assim uma relação forte entre pai-filho. Estabelecemos conexão com os nossos filhos respeitando-os, dando ouvidos aos seus sentimentos, “enchendo a chávena do amor”, comunicando e descodificando o seu comportamento, o que não pode facilmente ser feito sem antes nós, os adultos, termos estabelecido uma boa conexão com as nossas próprias necessidades.


O ponto que eu gostaria de focar é o da dor emocional que os seres humanos curam ao libertarem os sentimentos de dor numa resposta natural e espontânea como o choro. Acontece que nós, os adultos, temos a mania de interferir com este processo (assim como com tantos outros) quando observamos crianças a chorarem ou numa crise de frustração e raiva, o que por sua vez as leva a desligar essa resposta natural o que resulta no acumular de sentimentos reprimidos.


Como do ponto de vista holístico a repressão de sentimentos leva à supressão do sistema e a longo prazo ao desenvolvimento de condições crónicas e sistema imunológico comprometido, o tema da auto-cura emocional nas crianças é-me especialmente importante em clínica.


Chamo a atenção para exemplos de atitudes que resultam do facto de não sabermos como lidar com a dor dos nossos filhos e que bloqueam o seu processo de cura da dor emocional:
■Invalidação: “Vá, vá, não ha razão para chorares.”


■Vergonha: “Não chores. Não sejas bebé. Já és um homenzinho/menina grande. Não sejas mariquinhas.”


■Ameaça: “Já te vou dar razão para chorares.”


■Aplacação ou compensação: “Eu arranjo-te um novo.”


■Distração: “Olha, toma uma bolachinha.” “Toma a maminha.”


■Isolamento: “Vai para o teu quarto até parares de chorar.”


■Ignorando: verbal ou não-varbal, “Não falo contigo até parares de chorar.”


■Excedendo: “Achas que isso é mau? Olha o que me aconteceu/ o que aconteceu àquele menino.”


■Culpabilizando: “Tu tens tanto; não devias ficar triste por uma coisa como esta.”


■Humor: a criança deu uma queda, “Vê la se magoaste o chão!”


Estas reacções transmitem todas as mesmas mensagens às nossas crianças: “Desliga a capacidade de expressão e libertação dos teus sentimentos de dor.”

Tendo nós próprios passado por bloqueios nos nossos processos emocionais, ultrapassar esta pre-programação e ajudar os nossos filhos na sua expressão pode ser difícil ou mesmo confuso.
Será melhor que ao depararmo-nos com a dor dos nossos filhos estejamos presentes no momento e não nos apressemos a “mudar o mundo e a salvá-los daquela situação”.
Leo lembra as razões pelas quais as crianças choram:


• Se uma pessoa chora é porque existe mágoa.
• Ninguém sabe o que é estar na pele de outra pessoa, logo não deveremos julgar que o outro não tem razões para chorar.


• Podemos não saber o que está a causar a dor, mas sabemos ouvir.


• Para a pessoa é importante que oiçamos, não que compreendamos.


• Quando as crianças se magoam precisam de se expressarem e libertarem os sentimentos para curarem essa dor.


Revisitar esta lista tem-me ajudado a manter as coisas em perspectiva não só com crianças, tanto no dia-a-dia em família e amigos como em trabalho, por isso aqui a deixo, como um ponto de foco e meditação.


Espero que vos seja útil.


Um abraço fraterno.

1 comentário:

Sofia Batalha disse...

Quero este livro! Tens?