Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

terça-feira, 6 de julho de 2010

Estou cansada....

Diria que exausta mesmo....

Ser Doula é lindo, magico, transformador...

Ser Doula de pré-parto é algo que adoro, transmitir informação ás gravidas, aos casais grávidos é fantástico.... Mas nem tudo são rosas e ouvir uma mãe que fez preparação para o parto comigo a dizer que vai fazer uma indução porque o bebé estava muito grande... é no mínimo... desmoralizante

Ser Doula de parto é algo indescritível.. todas as palavras seriam pequenas para vos dizer o quanto AMO ser doula de parto. Mas assistir a um parto onde a mãe não tem liberdade de movimentos é.... no mínimo....triste ( e assistir a uma episio... ui... nem vos digo...). Para além de que temos de estar disponíveis por telemóvel durante 24 horas, só mesmo uma doula ( e uma parteira também ) para perceber que isto é MESMO muito difícil - estamos sempre preocupadas se temos rede, se temos bateria... é um stress....


Ser Doula de pós-parto é muito gratificante.... sentir que podemos ajudar uma  mãe a ter mais confiança em si própria.... é muito recompensador. O problema é quando a mãe até quer andar com o bebé ao colo mas lá vem um familiar que diz que isso é criar maus hábitos....


Ser conselheira em aleitamento materno é fantástico, quando as mães querem verdadeiramente dar de mamar e por algum motivo não estão a conseguir é tão bom poder ajudar! O problema é quando vem o pediatra e diz que o bebé está muito magrinho....

Dar aulas de pós-parto, ver os bebés a crescer ( e as mães também ) é.... muito recompensador... mas custa que depois de dizermos 500 vezes que não há leite fraco.... ouvir a mãe dizer que o seu leite não é muito bom...

São só alguns exemplo da vida de uma Doula, Educadora Perinatal e Conselheira em Aleitamento Materno, que para além de ter de gerir estes papeis todos, ainda tem uma família... 2 filhos lindos ( 1 dos quais vai este ano para o 1º ano!!! )

É difícil conjugar todos  estes papeis ...acreditem que sim...é difícil trabalhar com recém-mães a quem se tem que ter MUITO cuidado com o que dizemos e com a maneira como que dizemos... Se eu disser a uma mãe que o bebé veio fazer a aula com o cabelo todo no ar.... ui.... já a estou a ver a chorar no meu ombro, porque acha-se a pior mães do mundo pois nem penteou o seu bebé antes de sair de casa.. Temos de ter mil cuidados com a maneira com que dizemos e o que dizemos a uma mãe.... e quando se esta cansada... dizemos alguns disparates :)
 A doula não é conselheira - logo aqui entra em choque o facto de ser conselheira em aleitamento materno,não faz juízos morais - não é fácil mais vai-se ganhando calo.
A doula estimula o senso crítico da mãe - muito mesmo
A doula ajuda a despertar uma consciência - UMA GRANDE AJUDA

"Não somos uma muleta, somos uma companheira num caminho.
Não damos o peixe, mas podemos ajudar a construir uma cana de pesca.
Compete a nós Doulas, não deixarmos que façam de nós muletas" - esta parte não é assim tão facil de dar a entender, porque a verdade é que estão muitas vezes á espera que façamos algo...


"Estar ao lado, não tomar decisões pela outra pessoa, mas participar no seu processo transformativo, estar presente, ouvir, dar pistas, mas sobretudo ouvir, porque às vezes basta a uma pessoa permitir-se ter voz e ter um eco da sua própria voz, para encontrar as suas respostas. "
 
Acham que é fácil ser Doula e CAM?
 
O que é uma CAM - As Conselheiras em Aleitamento Materno prestam apoio e informação às mães, transmitindo-lhes a confiança necessária para que possam amamentar tranquilamente os seus bebés. Ajudam a resolver as dificuldades que possam surgir durante o período de amamentação mas o seu trabalho também pode começar antes, oferecendo informação sobre aleitamento materno às mães e pais, ainda durante a gravidez.

Quando consultar uma Conselheira em Aleitamento Materno?

Os motivos mais comuns para consultar uma Conselheira em Aleitamento Materno são:

• Ingurgitamento mamário doloroso

• Mamilos doridos/com fissuras

• Baixo aumento de peso no bebé

• Dificuldades na pega/recusa em mamar

• Informação Pré-Natal (mães e pais que procuram informação sobre amamentação durante a gravidez, como preparação para depois do nascimento)

• Estratégias de ajuda para a mãe que retomou/vai retomar o trabalho

• Quando a mãe parou de amamentar e deseja retomar (relactação)

• Mãe que deseja amamentar um bebé adoptado

No entanto se a mãe sentir qualquer outra dificuldade durante a amamentação pode sempre consultar uma conselheira ( daqui ).

Uma CAM dá conselhos, uma doula não é conselheira...

Lembro-me que uma vez uma doula contou-me que uma mãe não queria amamentar o seu bebé, o pai insestia para que ela o fizesse, então pediu á doula para dizer ao marido ( que confiava muito nessa doula ) que ela não tinha mesmo leite.... A doula fez a vontade á mãe ( que fora vitima de abuso sexual e ainda não tinha resolvido a questão, fazia-lhe muita confusão dar de mamar e recordar-se desse momento...)

Eu própria como doula já fui abordada mais que uma vez por mães que querem desmamar os seus bebés.... como podem imaginar não é nada fácil... nada mesmo...  Mas como doula eu tenho de apoiar esta mãe na sua decisão!


Mas sabem que o mais difícil para mim é ver famílias que até possuem informação a desperdiça-la.... é ver mães e pais a dizer um coisa e a fazer outra, a não sererem verdadeiros com eles próprios! Para mim é um desgaste emocional GIGANTE!

Pronto já desabafei.... quem está a ler não vai entender muito bem o que estou aqui a escrever, mas resume-se a isto - estou a precisar de férias como as que vou fazer em Agosto - 1 mês sem ligar o computador e sem atender o telemóvel!!! VAI SER MESMO BOM!

6 comentários:

mjvalinhas disse...

Mereces umas boas férias, mereces sim! Obrigada pelo link!

Sofia Batalha disse...

só quem se preocupa realmente é que se desgasta emocionalmente! Boas Férias bem merecidas Catarina :D

C. disse...

Não sou doula mas acho que te entendo...Pena não te ter conhecido como doula há pelo menos 4 anos atrás. Acho que teria mudado muito a nossa vida.
As férias estão a chegar, é só mais um pequeno grande esforço ;)
Beijocas

Daisy disse...

Este seu artigo custou-me bastante a ler, porque identifiquei claramente o que sente, e não me refiro ao precisar de férias, pois com um ritmo tão intenso que todos nós levamos e tão longe do que o corpo pode aguentar, ao fim de algum tempo até os fins-de-semana prolongados são um bálsamo relativamente aos tão curtos 2 dias de descanso (que nem todos têm) e que passam a correr.
Refiro-me aos pontos menos positivos da nossa profissão e de como às vezes parece que falhamos, que não atingimos os nossos objectivos devido aos inúmeros condicionamentos que cruzam o nosso caminho. E sem contar que os condicionamentos mentais e emocionais são os mais fortes, os mais difíceis de quebrar.
É precisamente nestas alturas de maior desalento que nós temos que contrariar a nossa mente (que intensifica e muito o cansaço físico) e recordarmos com muito mais força, com muito mais vida os casos, as histórias de sucesso, as mães e pais que percebem, que sentem nas "entranhas" deles :) que este é o caminho, que esta é a melhor forma de se viver a maternidade em todas as suas facetas, lembre-se do que sentiu quando viveu todas estas alegrias, sentimentos esses muito difíceis de descrever por palavras e agradeça, no mais profundo do seu ser, os casos menos positivos porque são exactamente esses que a fazem crescer continuamente, que não a deixam sentar no "cadeirão do conformismo", que a mantêm sempre à procura de novas possibilidades e meios de passar a sua mensagem. Isto é evolução e não é fácil.
Quem trabalha com abertura de consciência, quem leva novos pontos de vistas mais vastos, quem alarga horizontes depara-se muitas vezes com este tipo de "obstáculos", mas cabe ao mensageiro aceitar que nem todos estão aptos para receber a mensagem, que às vezes algo novo pode gerar insegurança, e ninguém quer sentir isso, ninguém quer sair da sua caixinha segura (mesmo que as paredes sejam 'de mentirinha')mas acima de tudo cabe ao mensageiro valorizar o trabalho que faz, e mesmo que o destinatário não tenha agido de acordo com a mensagem que recebeu, o importante foi mesmo a mensagem ter chegado, e isso é uma vitória e tanto!!!

E... :) à medida que as férias se aproximam a passos largos, tudo se intensifica, por isso os meus votos são: mime-se e acarinhe-se! para poder voltar em força, nós estaremos cá à sua espera!Boas Férias!

Um abraço.

madrid disse...

Boas férias!

moya disse...

Já falta pouco!
Força!
Tenta pensar nos casais que conseguiste ajudar, mesmo que sejam menos que os que seguem outro caminho. Eu fiquei muito sensibilizada com o casal do piquenique. Foi a primeira vez em mais de um ano, que conheci um casal que viu a nossa reportagem e ficou suficientemente tocado por ela para ir investigar e seguir o mesmo caminho! Fiquei tão feliz por ter conseguido ajudar com a minha partilha!
Quanto à indução: ela sabe dos riscos? Sabe que vai ficar limitada durante o parto? Sabe que o peso estimado tem um erro associado? Sabe que se o bebé não for macrocéfalo não há qualquer problema? Se sim, e mesmo assim seguir com isso, o cerne da questão pode não ser esse... E aí, lá está, tens que "ouvir e calar"...
Beijinhos,
mj