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“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O novo pai. A importância da participação do pai



   
Por Maria Rita Cassia B. Almeida    
02 de Maio de 2010 
 
Após a revolução sexual de meados da década de 60 e 70 mudou radicalmente os parâmetros culturais. Códigos morais, religiosos e econômicos que reprimiam os impulsos de homens e mulheres foram contestados, mas apenas recentemente, os homens estão participando ativamente dos aspectos da reprodução humana.
 
 
Muitos deles, hoje, querem participar ativamente durante este período especial da vida das mulheres e dos bebês.
 
Os homens estão mais participantes nas consultas ginecológicas e de pré-natal com suas parceiras. Mostram-se também  interessados em assistir aos encontros de educação pré-natal, e em buscar informações científicas mais detalhadas sobre o corpo feminino e, especialmente, as que tangem o desenvolvimento dos bebês. Acredita-se que os pais que freqüentam o pré-natal e cursos de preparação para o parto e nascimento têm, conseqüentemente, maior  presença nas vidas de seus filhos. É uma sutil mudança na direção da paternidade participativa e responsável. Entretanto, alguns deles se sentem esquecidos no processo da reprodução quando são ignorados pelos profissionais da saúde que ainda pensam que a gravidez e o parto envolvem apenas as mulheres.
 
Felizmente hoje, incentiva-se sempre mais a participação dos homens no processo de parturição, desbancando a velha crença de que eles não são fortes o bastante para ver uma mulher dando à luz. No lugar desse mito, se assiste à alta satisfação expressa por aqueles homens que experimentam direita e ativamente o nascimento de seus filhos. Parir é uma experiência comovente no tocante a vivência do casal ou da família, não um ato exclusivamente médico. A participação do homem no trabalho de parto ajuda a garantir a privacidade desse momento, bem como a oferecer um poderoso apoio emocional, psicológico e físico à mulher.
 
Participando ao parto, os homens têm a oportunidade de perceber a força interna das mulheres em sua expressão máxima da coragem e feminilidade. É também para eles uma chance para abrir seus corações e manifestar a emoção, freqüentemente reprimida. O parto dá também as condições para aproximar ainda mais o casal, fortalecendo o vínculo entre pais e bebês, reduzindo os riscos de violência infantil e enriquecendo a experiência da maternidade e paternidade, tornando-a mais feliz e harmoniosa.
 
A presença do pai durante o ato de nascimento contribui para reforçar a ligação com o seu filho(a) recém-nascido(a). Essa conexão entre eles é naturalmente mais lenta e gradual do que deste com a mãe, mas é recíproca e estimula o comportamento de proteção dos pais nos dias e semanas que se seguem ao nascimento. Participar ativamente e positivamente na educação de uma criança está relacionado com a formação de um apego seguro.
 
Os homens, hoje, ficam muito mais tempo com seus bebês em comparação com os pais das gerações passadas. Embora eles, geralmente, sejam desejosos de um contato mais próximo com seus bebês, a criação de vínculo muitas vezes acontece em outro tempo, diferente do das mães, porque entre eles não há o contato gerado pelo aleitamento materno. Mas os pais devem perceber que para criar vínculo com o seu(a) filho(a) não se trata de tornar-se segunda mãe. Em muitos casos, os pais podem participar de outras atividades especiais com seus bebês. Além disso, o casal pode se  beneficiar enormemente quando são apoiados e encorajados um pelo outro.
 
Algumas das atividades que promovem a formação de vínculos emocionais iniciais são:
 
Participar em conjunto no trabalho de parto e parto
Ajudar a mulher nos cuidados da casa e na realização das refeições.
Mudar as fraldas do bebe.
Dar banho no bebe e levá-lo a mãe para que seja amamentado.
Ler ou cantar para o bebê.
Imitar os movimentos do bebê.
Imitar as vocalizações do bebê (seus primeiros esforços para se comunicar).
Usar um carrinho de bebê para levar a criança para fora durante a execução de atividades de rotina ou um sling.
Deixar o bebê sentir as diferentes texturas do rosto do pai.
Apesar de o pai ter a sensação de que cuidar de seu bebê no início pode ser assustador, ele  pode se beneficiar com a emoção de estar com o bebê e começar a ganhar confiança em suas habilidades como pai.
 
Nos primeiros dias, e especialmente devido à insegurança e falta de habilidade, o ato de cuidar de um recém-nascido pode consumir quase toda a atenção e a energia, principalmente para aquelas mães que estão amamentando ao seio. O vinculo será muito mais fácil para aquelas mulheres que não estiverem sobrecarregadas com tarefas domésticas, refeições e lavagem das roupas. É útil, nesse momento, o pai fornecer ajuda extra, além de oferecer apoio emocional.
 
Eles também podem pedir ajuda de familiares e amigos nos dias ou semanas que se seguem logo após o nascimento do bebê. Mas, o importante é que nesse momento, seja escolhida pessoas que ajudem de fato, sem atrapalhar, pois, caso contrário, esse período de transição pode ser desconfortável, opressivo ou estressante. Certamente é mais fácil estabelecer relações com seu bebê, se as pessoas que estão ao seu redor apóiam e facilitam o desenvolvimento da confiança na capacidade de criação da mãe e do pai.
 
A maioria das crianças está pronta para o vínculo, imediatamente após o nascimento. Os pais podem ter sentimentos contraditórios sobre o assunto, pois alguns sentem um vínculo intenso nos primeiros minutos ou dias após o nascimento de seu bebê, outros podem levar mais tempo. É importante lembrar que a criação do vínculo é um processo, não algo que tem um prazo delimitado para ocorrer. Para muitos pais, o vínculo é o resultado de cuidados diários e, de repente, mediante o primeiro sinal de interação do bebê, como seu sorriso ou expressão de prazer, os pais percebem que estão plenos de amor e alegria para com o bebê.
 
Participar ativamente e positivamente na educação de uma criança envolve a presença de um apego forte, o qual está intrinsecamente relacionado à sensação de segurança e auto-estima que estão na base da relação com o bebê.
 
Maria Rita Cassia B. Almeida é enfermeira obstetra, mora em Curitiba (PR). Monografia do Módulo Maternities e Paternidade do Curso Humanização Online 2009 da ONG Amigas do Parto.
 
FONTE: http://www.amigasdoparto.org.br/2007/index.php?option=com_content&task=view&id=1223&Itemid=211

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