Por Maria Rita Cassia B. Almeida
02 de Maio de 2010
Após a revolução sexual de meados da década de 60 e 70 mudou radicalmente os parâmetros culturais. Códigos morais, religiosos e econômicos que reprimiam os impulsos de homens e mulheres foram contestados, mas apenas recentemente, os homens estão participando ativamente dos aspectos da reprodução humana.
Muitos deles, hoje, querem participar ativamente durante este período especial da vida das mulheres e dos bebês.
Os homens estão mais participantes nas consultas ginecológicas e de pré-natal com suas parceiras. Mostram-se também interessados em assistir aos encontros de educação pré-natal, e em buscar informações científicas mais detalhadas sobre o corpo feminino e, especialmente, as que tangem o desenvolvimento dos bebês. Acredita-se que os pais que freqüentam o pré-natal e cursos de preparação para o parto e nascimento têm, conseqüentemente, maior presença nas vidas de seus filhos. É uma sutil mudança na direção da paternidade participativa e responsável. Entretanto, alguns deles se sentem esquecidos no processo da reprodução quando são ignorados pelos profissionais da saúde que ainda pensam que a gravidez e o parto envolvem apenas as mulheres.
Felizmente hoje, incentiva-se sempre mais a participação dos homens no processo de parturição, desbancando a velha crença de que eles não são fortes o bastante para ver uma mulher dando à luz. No lugar desse mito, se assiste à alta satisfação expressa por aqueles homens que experimentam direita e ativamente o nascimento de seus filhos. Parir é uma experiência comovente no tocante a vivência do casal ou da família, não um ato exclusivamente médico. A participação do homem no trabalho de parto ajuda a garantir a privacidade desse momento, bem como a oferecer um poderoso apoio emocional, psicológico e físico à mulher.
Participando ao parto, os homens têm a oportunidade de perceber a força interna das mulheres em sua expressão máxima da coragem e feminilidade. É também para eles uma chance para abrir seus corações e manifestar a emoção, freqüentemente reprimida. O parto dá também as condições para aproximar ainda mais o casal, fortalecendo o vínculo entre pais e bebês, reduzindo os riscos de violência infantil e enriquecendo a experiência da maternidade e paternidade, tornando-a mais feliz e harmoniosa.
A presença do pai durante o ato de nascimento contribui para reforçar a ligação com o seu filho(a) recém-nascido(
Os homens, hoje, ficam muito mais tempo com seus bebês em comparação com os pais das gerações passadas. Embora eles, geralmente, sejam desejosos de um contato mais próximo com seus bebês, a criação de vínculo muitas vezes acontece em outro tempo, diferente do das mães, porque entre eles não há o contato gerado pelo aleitamento materno. Mas os pais devem perceber que para criar vínculo com o seu(a) filho(a) não se trata de tornar-se segunda mãe. Em muitos casos, os pais podem participar de outras atividades especiais com seus bebês. Além disso, o casal pode se beneficiar enormemente quando são apoiados e encorajados um pelo outro.
Algumas das atividades que promovem a formação de vínculos emocionais iniciais são:
Participar em conjunto no trabalho de parto e parto
Ajudar a mulher nos cuidados da casa e na realização das refeições.
Mudar as fraldas do bebe.
Dar banho no bebe e levá-lo a mãe para que seja amamentado.
Ler ou cantar para o bebê.
Imitar os movimentos do bebê.
Imitar as vocalizações do bebê (seus primeiros esforços para se comunicar).
Usar um carrinho de bebê para levar a criança para fora durante a execução de atividades de rotina ou um sling.
Deixar o bebê sentir as diferentes texturas do rosto do pai.
Apesar de o pai ter a sensação de que cuidar de seu bebê no início pode ser assustador, ele pode se beneficiar com a emoção de estar com o bebê e começar a ganhar confiança em suas habilidades como pai.
Nos primeiros dias, e especialmente devido à insegurança e falta de habilidade, o ato de cuidar de um recém-nascido pode consumir quase toda a atenção e a energia, principalmente para aquelas mães que estão amamentando ao seio. O vinculo será muito mais fácil para aquelas mulheres que não estiverem sobrecarregadas com tarefas domésticas, refeições e lavagem das roupas. É útil, nesse momento, o pai fornecer ajuda extra, além de oferecer apoio emocional.
Eles também podem pedir ajuda de familiares e amigos nos dias ou semanas que se seguem logo após o nascimento do bebê. Mas, o importante é que nesse momento, seja escolhida pessoas que ajudem de fato, sem atrapalhar, pois, caso contrário, esse período de transição pode ser desconfortável, opressivo ou estressante. Certamente é mais fácil estabelecer relações com seu bebê, se as pessoas que estão ao seu redor apóiam e facilitam o desenvolvimento da confiança na capacidade de criação da mãe e do pai.
A maioria das crianças está pronta para o vínculo, imediatamente após o nascimento. Os pais podem ter sentimentos contraditórios sobre o assunto, pois alguns sentem um vínculo intenso nos primeiros minutos ou dias após o nascimento de seu bebê, outros podem levar mais tempo. É importante lembrar que a criação do vínculo é um processo, não algo que tem um prazo delimitado para ocorrer. Para muitos pais, o vínculo é o resultado de cuidados diários e, de repente, mediante o primeiro sinal de interação do bebê, como seu sorriso ou expressão de prazer, os pais percebem que estão plenos de amor e alegria para com o bebê.
Participar ativamente e positivamente na educação de uma criança envolve a presença de um apego forte, o qual está intrinsecamente relacionado à sensação de segurança e auto-estima que estão na base da relação com o bebê.
Maria Rita Cassia B. Almeida é enfermeira obstetra, mora em Curitiba (PR). Monografia do Módulo Maternities e Paternidade do Curso Humanização Online 2009 da ONG Amigas do Parto.
FONTE: http://www.amigasdo
Sem comentários:
Enviar um comentário