A União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) assinala hoje o 35.º aniversário da primeira manifestação feminista no país, convocada então "contra os símbolos da opressão das mulheres que ainda persistiam no Portugal pós-Abril de 1974".
Passam hoje 35 anos sobre a queima dos soutiens que, garante quem participou no protesto, nunca existiu. A primeira manifestação feminista em Portugal fez-se no Parque Eduardo VII e quer agora ficar no roteiro de Lisboa.
A primeira manifestação feminista do país fez-se "contra os símbolos da opressão das mulheres que ainda persistiam no Portugal pós-Abril de 1974" e foi insultada por três mil homens, alguns dos quais a descreveriam, e reduziriam, para a posteridade a um acto de queima de soutiens, que, garante quem nele participou, nunca aconteceu.
É para lembrar tudo isto que a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) agendou uma celebração para hoje, que sairá, às 13:00, do n.º 28 da Avenida Sidónio Pais, em Lisboa, sede do Movimento de Libertação das Mulheres (MLM, primeiro núcleo feminista português) e onde uma das suas fundadoras, a perita em igualdade de género Madalena Barbosa, viveu até morrer de cancro, a 22 de Fevereiro de 2008.
Foi pela entrada do Parque Eduardo VII mesmo em frente ao nº 28 que elas entraram, a 13 de Janeiro de 1975. A UMAR quer agora recordar essas mulheres "brutalmente silenciadas" e inscrever aquela zona da cidade no roteiro feminista com que venceu recentemente o Prémio Municipal Madalena Barbosa.
Aqueles que hoje participarem na "obra de arte colectiva" organizada pela UMAR usarão uma peça de roupa roxa, a cor das feministas, a mesma com que a organização pretende ver pintado, no futuro, o caminho feito pelas activistas precursoras. "Elas entraram por aqui" é a frase que pretendem ver inscrita na calçada, naquela entrada do parque.
A ideia "não é só recordar o momento histórico", mas também pensar "no que mudou nestes 35 anos" e nas "reivindicações actuais", explicou à Lusa Salomé Coelho, da UMAR.
Não se pretende recriar o ambiente de 1975, mas "reflectir sobre as mudanças que ocorreram, ou não" e falar nas "discriminações" que persistem nos dias de hoje e que são "muito mais subtis", na forma de uma "manifestação artística", para "ocupar o espaço de uma forma simbólica", acrescentou.
"Não teremos três mil machistas histéricos, mas teremos homens feministas. Essa é uma das diferenças", realçou ainda a activista.
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