Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

"O parto, à semelhança de muitos outros processos fisiológicos, nunca
é totalmente 'natural'. Tal como o comer, o beber, a excreção de
produtos inúteis, o movimento físico, as relações sexuais, a
puberdade, a maturidade, a velhice e a morte são culturalmente
definidos, também o parto reflete valores sociais e varia de acordo
com a sociedade.
Durante o trabalho de parto uma mulher parece estar envolvida numa
atividade puramente fisiológica e, sob muitos aspectos, solitária. Se
as coisas correm bem, sentirá provavelmente que o que está a fazer é
totalmente instintivo. Mas, embora possa ter o filho completamente
sozinha e sem ajuda, a sociedade expressa através dela os seus valores
sobre a gravidez e o parto, e a importância, riscos e significados
deste último."

"Também é social porque define a identidade da mulher de uma nova
forma; agora ela é mãe. Em sociedades muito segmentadas, como a Índia
ou a África do Sul, ou em qualquer país em que haja extremos de
miséria e de riqueza, como a América Latina, saber como o parto é
conduzido em diferentes níveis socioeconômicos ou de casta pode também
revelar-nos muito sobre o estatuto das pessoas nele envolvidas, umas
relativamente às outras."

Sheila Kitzinger, Mães - um estudo antropológico da maternidade.
Lisboa, Presença, 1978; pp.85-6)

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