Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Homens no parto



"Outrora a assistência durante o parto cabia em grande medida a outras
mulheres e, em todo o mundo, elas têm responsabilidade de ajudar uma
amiga, vizinha ou parente durante o trabalho de parto, excepto nas
raras sociedades onde uma mulher vai ter o bebé sozinha na floresta.
Por exemplo, entre os Keneba da Gâmbia, parte-se do princípio que
qualquer mãe é uma parteira competente. Aprende-se a ajudar as
mulheres que têm bebês como se aprende a cozinhar. Em Inglaterra,
durante a época elizabetana, uma mulher dava à luz rodeada por
'tagarelas'; toda a gente - incluindo a mãe - consumia grande
quantidade de bebidas fortes e muitas vezes a pândega era maior que
em qualquer festa.

Os homens que começaram a fazer o trabalho de parteiras corriam sérios
riscos. Em Inglaterra, os primeiros parteiros só foram reconhecidos no
século XVII. Até esta altura, um médico a quem uma parteira pedisse
para assistir a um parto difícil tinha de andar de gatas e de se
esconder debaixo de um móvel. Julga-se que a posição inglesa
tradicional para dar à luz - deitada sobre o lado esquerdo - deriva da
reserva feminina em deixar um homem ver-lhe o corpo, dado que nesta
posição a mulher estava de costas para o médico e ele não precisava de
lhe ver o rosto. Mesmo quando os parteiros começaram a ser aceites,
andavam às apalpadelas debaixo da roupa da cama, por vezes com o
lençol atado à volta do pescoço, em nome da deiscência; durante o parto
de confiar inteiramente no tacto."

(Sheila Kitzinger, Mães - um estudo antropológico da maternidade.
Lisboa, Presença, 1978; pp.96-97)

1 comentário:

P e M disse...

O que eu já me ri!!!

"Em Inglaterra,
durante a época elizabetana, uma mulher dava à luz rodeada por
'tagarelas'; toda a gente - incluindo a mãe - consumia grande
quantidade de bebidas fortes e muitas vezes a pândega era maior que em qualquer festa."

Pois, a minha mãe é uma tagarela! Já quase que a oiço: "Olha que talvez fosse melhor chamar um médico, eu quando tive os meus filhos não demorou tanto tempo... e não te doeu nada... a mim doeu-me, mas um fui muito forte, nem gritei... e traálálá..."

;o)