Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

domingo, 17 de maio de 2009

Relato de 3ª cesariana...

Tenho de confessar que estou incrédula....

"Tive uma terceira gravidez espectacular! Não houve enjoos e vómitos como nas anteriores. Não houve o repouso absoluto a que eu já me tinha habituado, houve sim muito trabalho pois a Sara tinha apenas 6 meses quando fiquei grávida do Miguel. Concluo que não tive tempo para os enjoos e afins…
A médica marcou-me a cesariana para 18 de Fevereiro mas infelizmente entrou de baixa um dia antes, por doença dela (e grave) não me pôde fazer a cesariana e pior foi que não fiquei com papel nenhum em como tinha cesariana naquele dia. Enfim, a culpa não foi da Drª!
Cheguei ao hospital por volta das 8 horas. Burocracias e mais burocracias e fiquei internada. Levaram-me para uma sala, ligaram-me ao CTG e ali fiquei acho que muiiiiiiito tempo. Dormi, acordei, acho que voltei a dormir até que me vieram buscar. Dei entrada no bloco operatório, tinha algumas pessoas já há minha volta quando uma senhora atende o telefone e diz que há uma emergência! Uma enfermeira ficou comigo, ajudou-me a levantar e conduziu-me à sala onde tinha estado. Explicou-me que tinham poucos anestesistas e que como o meu caso não era urgente teria de aguardar!
Ali fiquei! Com um ar tão triste que a enfermeira chamou o meu marido que ali ficou sempre comigo! Cheguei até a pensar que ele ia poder assistir. As horas passavam devagar, a ansiedade aumentava mas o facto do Luís estar ali tão perto acalmava-me.
Sou novamente chamada para o bloco. Agarrei-me ao Luís e a enfermeira levou-me. Entro no bloco, colocam-me uma série de fios no peito e de repente… quando eu achava que estava quase… entra um médico que diz que a cesariana não pode ser feita! Nova urgência!
Foi o descalabro! Chorei enquanto me tiravam os fios e pedi que me trouxessem o Luís! Levaram-me para a enfermaria e logo a seguir lá chegou o meu marido. Eu só chorava. A explicação que nos deram é que como estavam apenas com um anestesista e como o meu caso não era urgente teria de esperar. Pedimos então que me dessem alta. Explicaram-nos que se me fosse embora perderia a vez, se ficasse, no dia 21 seria a primeira cesariana a ser realizada!
Não tivemos alternativa, passei o fim de semana no hospital!
O dia 21 chegou! Preparadíssima e ansiosa! Só queria que me chamassem e ter o meu filho nos braços! Parece anedota mas aparece-me uma enfermeira e diz-me que não podem fazer a cesariana. O hospital está lotado! PASSEI-ME! Havia uma reunião na sala das enfermeiras e eu, calma e inibida que sou, entrei porta dentro e berrei com todos! Disse-lhes que era uma falta de respeito enorme e que estavam a brincar comigo! Disse-lhes tanta coisa entre gritos e lágrimas que uma enfermeira me levou para a minha cama e ali ficou comigo! O certo é que pouquíssimo tempo depois levaram-me para o bloco e desta vez é que foi!
Levei epidural, estava muiiiito nervosa mas em poucos minutos vi o Miguel! Parecido com os manos mas não tão bonito! Estou a ser sincera!
Passei as duas horas no recobro, sem dores e quando me levaram para a enfermaria o Miguel foi comigo! Tão bom! Ia agarradinha a ele, aquela pele tão suave, que saudades!
A noite foi terrível! Terrível mesmo! Tanta dor mas o apoio da enfermeira foi tão grande que ajudou a aliviar as dores.
Sentia-me felicíssima! Trimamã aos 28 anos (a 4 dias de fazer de 29)!


Foram dias muitos dificeis de muita pressão e muita saudade de casa.
Cheguei a sentir-me como se estivesse "presa", injustiçada porque não deveria estar ali todo aquele tempo.
Afinal de contas estava tudo bem, o Miguel não tinha dado sinais que queria nascer, eu estava ali por causa do mau funcionamento do Hospital e também, eu acredito, porque me faltou a minha médica.
É triste mas é verdadeiro, tudo funciona com "cunhas" e estou certa que se ela estivesse presente este episódio não me tinha acontecido e o Miguel teria nascido logo no dia 18! O pós parto foi complicado mas houve carinho e dedicação por parte das pessoas que encontrei, fui bem tratada mas nada apaga o sofrimento daqueles três primeiros dias..."

3 comentários:

moya disse...

!!!!! .... ????

beijos, m.

Lina disse...

Olá,
uma amiga recomendou-me o teu blogue e adorei.
A minha filha nasceu por cesariana, mas na próxima gravidez espero poder ter um parto normal. Até natural, se conseguisse reunir informação suficiente (e coragem) para levar a cabo essa tarefa.
Acredito na medicina, e em todos os avanços que nos permitiram chegar a 2009 com uma taxa de mortalidade (à nascença) tão baixa. E em pouco mais de 35 anos! No entanto, creio que o caminho mais certo é aquele nos que aproxima da natureza.
As cesarianas deviam estar mais controladas. Embora tenha feito cesariana porque a minha bebé estava deitada, creio que é uma intervenção feita sem qualquer controlo e sem que os obstetras tenham de dar grandes justificações. E a seguir chamam-lhes cesarianas electivas! Eu não elegi a intervenção cirúrgica, optei por ela, porque o médico me aconselhou. São duas coisas completamente diferentes. Pode ser uma questão de palavras, mas as palavras contam.

Mais: penso que as grávidas estão muitas vezes à mercê dos médicos e das suas agendas. Eles decidem, eles controlam, eles marcam...
Se eu quero ser assistida no parto pelo ob/gyn que me seguiu, possivelmente tenho de me sujeitar a um parto induzido, mas será isso realmente importante? Ou é melhor ter um parto normal, mesmo que nos sujeitemos a que aconteça a horas menos convenientes para o médico?

Enfim, só para dar um contributo para um debate em que ainda falta saber tanto e falar tanto!

Ana disse...

Sem palavras...Quado pessoa pensa que já leu muita coisa...