Foi no Barrigas de Amor que soube da grande noticia, estavam grávidos! Fiquei tão feliz...
Quando soube que gostavam que fosse a doula deles fiquei muito emocionada :)
A J. começou a fazer as aulas de Yoguilates, é um privilegio acompanhar o crescimento de uma barriga, de uma mulher mãe, a cumplicidade e a partilha são indescritíveis...
Ficou tão linda a pintura da barriga pelo papá :)
Uma foto dos últimos dias da Joana ainda na barriga ( durante uma caminhada )
E á meia noite do dia 6 de Março recebo um SMS, parece que á novidades...
SURPRESA! ás 9 em ponto desse mesmo dia nasce a linda Joana! Um parto aquático lindíssimo, tão rápido, tão intenso, tão especial ( são todos :) ...
O relato da mãe....
Agora com a minha pequerrucha nos braços queria partilhar a minha experiência de parto.
Não sei como lhe chamar, pois acho que as palavras "natural", "humanizado", "normal" são meros rótulos, insuficientes e dependentes do contexto em que são usados...
Para mim e meu marido, foi uma experiência linda e gratificante, pois queríamos dar o melhor início de vida extra-uterina à nossa bebé :)
Tivemos uma gravidez muito desejada e vivida em pleno, de baixo risco e seguida num hospital por um G-O amoroso. No entanto, entrámos em rota de colisão aquando da apresentação do plano de parto... Não por ele, mas pela instituição, que disse não aceitar planos de parto... Segundo ele, iria fazer de tudo para que as nossas escolhas fossem respeitadas na altura, consoante o desenrolar do parto, mas o facto de não existir uma "oficialização" desse compromisso, fez-nos ponderar pela primeira vez a hipótese do parto domiciliar. Quanto mais liamos e sabíamos sobre esta opção, mais ela fazia sentido para nós. Falámos com vários casais que também tiveram esta experiência, a quem agradecemos do fundo do coração pela amizade, e então já o parto hospitalar nos parecia "fora do normal" e uma opção de último recurso.
Chegaram as 38 semanas, e a nossa filha estava bem cá dentro. Depois as 39, e ela continuava confortável. Mas os astros estavam em movimento e a lua dela chegou a 5 de Março e precisamente à meia-noite senti dois estalidos no baixo ventre e comecei a perder líquido... Primeiro parecia urina incolor, uma colher, mas depois o líquido tornou-se de um rosado leve e a dúvida que o meu inconsciente repetia, tornou-se em certeza: tinha chegado a hora! Chamei o meu marido e beijámo-nos entre sorrisos :)
Ligámos logo à Doula e à Parteira, nossas amigas e companheiras desta viagem, que me recomendaram que descansasse o mais possível para guardar forças para depois. Assim fiz. As contracções começaram à 00h30 com duração e frequência inconstante mas consegui dormitar entre elas.
2h30. Acordei com uma contracção mais forte. Já não me apetecia estar deitada pois as contracções pareciam mais intensas nesta posição. Levantei-me e fui imprimir o plano de parto (já conhecido de todos, mas pronto) e um aviso para colocar no patamar. Fui tomar um duche morno para acalmar as contracções e tentar dormir mais um pouco. O meu marido veio ter comigo e insistia que eu devia ir deitar-me "para guardar forças". Mas nessa altura já não conseguia estar deitada. O meu corpo dizia-me que o t.p. já estava bem estabelecido (tive que ir ao wc 3 vezes em 10 minutos) mas nós continuávamos a pensar que ainda faltava muito. Voltámos para a cama... Por pouco tempo. Às 4h já não conseguia estar deitada, mesmo de lado. Levantei-me e comecei a preparar o local onde a nossa filha iria nascer. O meu marido ajudou-me a colocar a piscina e o material necessário, e servia de intermediário entre mim e a Doula e a Parteira ao telefone. Elas souberam que estava na hora de vir quando eu me recusei a falar com elas ao telefone: estava a entrar na fase crítica!
6h00: Elas chegaram. Como anjos da guarda. Guardiãs do nosso parto. Eu deambulava pela sala, as contracções só me deixavam deitar ou sentar por breves momentos. A Doula massajava-me as costas na zona dos rins e às vezes, as ancas, o que me trouxe bastante alívio durante as contracções. Enquanto isso, a Parteira e o meu marido enchiam a piscina. Só me apetecia entrar, mas tinhamos que esperar... Finalmente às 7h00 entrei para a piscina. O alívio foi imediato e ainda consegui deitar-me de barriga para cima por alguns momentos, mas a água acelerou o processo e apesar de maior alívio, também intensificou o ritmo e intensidade das contracções. Nessas horas, em que perdi a noção do tempo, já nada importava a não ser ter o meu marido frente-a-frente e visualizar o processo de nascimento na minha cabeça: o colo a abrir, a cabeça a descer, a rodar, a sair... De joelhos na piscina e apoiada na sua borda, deitavam-me água morna pelas costas, o que me sabia muito bem. As contracções estavam mais intensas e prolongadas e lembro-me da preparação para o parto: "quando chegarem àquele momento em que pensam que já não aguentam mais, é porque estão mesmo quase!". Apeteceu-me gritar que já não aguentava mais, mas pensei: e se depois me dizem que ainda falta muito? Não vou aguentar... E então voltei à "partolândia" e comecei a falar com a nossa filha, pedindo-lhe ajuda para sair e acalmando-a. Durante as 3h antes do nascimento auscultou-se o seu ritmo cardíaco várias vezes e estava tudo ok. Nessa altura só pensava: bolas, se eu estivesse no hospital, não conseguiria fazer o que estou a fazer aqui: relaxar, gritar, e principalmente não estar deitada! Não consigo imaginar ter que passar por tudo isto de costas assentes numa cama, porque , pelo menos para mim, as dores aumentavam exponencialmente!
E aí a água começou a ficar quente... quente demais! Num gesto, rejeitei a água que me despejavam nas costas, e sem uma palavra sequer, a Doula começou a colocar toalhas embebidas em água fria nas minhas costas: o alívio foi imediato. Passadas algumas contracções, comecei a sentir vontade de fazer força e então muni-me dela e rugi! E rugi! E senti o que a Parteira chamou o "anel de fogo", um ardor circular no períneo. Algumas contracções mais tarde e ouvi dizerem: "ena, tanto cabelo!!!". E num ápice, a cabeça saiu. Senti movimento e pensei estarem a apará-la, mas quando olhei para trás, não estava ninguém! Que sensação maravilhosa saber que era a minha pequenina que se movia para mim! Duas contracções depois e o resto do corpo seguiu a cabeça. Ouvi: "então?pega na tua filha!". Virei-me e sentei-me, segurando no meu raio de sol às 9h00, 9 horas depois de ter entrado em t.p.
O pai saltou para dentro da piscina e abraçou-nos. Ela olhou para nós como que ainda confusa sobre o processo passado, mas calma e alerta! 3,340Kg de gente! Eu só repetia: já está! não acredito que a tenho nos braços!!
Esperou-se que o cordão parasse de pulsar e o pai cortou-o. Dei imediatamente de mamar, o que estimulou as contracções para a expulsão da placenta, muito menos dolorosas que as do parto. E 6 horas depois, a placenta nasceu, sem recurso a qualquer fármaco. Uns pontos depois e a minha filha e eu fizemos uma merecida sesta! A primeira de muitas!
Resta apenas dizer "obrigada". À minha filha, que esperou até estarmos "maduros" para vir ter connosco e por partilhar este percurso comigo; ao meu marido, que sempre me apoiou e me deu o incentivo que precisei para acreditar em mim; à minha Doula - Catarina Pardal, que me tratou como a uma irmã, filha, mãe, amiga e me acompanhou desde antes da Joana sequer existir; e à minha Parteira - Ana Ramos, que se manteve vigilante mas silenciosa, encorajando-me sem me dirigir, para que eu pudesse fazer o que o meu corpo já sabia de forma inata.
Obrigada!
Ter o privilegia de acompanhar um casal num momento tão intimo e especial das suas vidas é....
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Todas as palavras seriam pequenas para descrever o que me vai na alma, só posso agradecer a este, e a todos os casais que confiaram no meu trabalho. Mil vezes OBRIGADO.
14 comentários:
Como também tive o privilégio de conhecer a mãe da pequenina Joana, não resisto a comentar:
1- que depoimento comovente, é tão bonito sentir-se, em verdade, que um(a) filho(a) é tão desejado(a), ainda sonho com um mundo em que todas as crianças sejam ansiadas e amadas em verdade. Eu sabia que a pequenina não ia nascer naquele dia em que passeámos as três - a mamã, a Catarina e eu própria - pelos campos. Aliás, um primeiro filho nunca vem assim de correria e com tanta serenidade, a pequenina vai ser calma e ponderada no futuro.
2- as segundas palavrinhas vão para a Catarina: eu sou professora por vocação, mas acredito que acompanhar uma barriga em crescimento e ver o pequeno bebé cá fora a sorrir deva ser mágico. Penso que também poderia fazer parte das minhas vocações esta tarefa tão importante. Ainda lembro o primeiro contacto visual que tive com as minhas filhas - elas também muito desejadas e planeadas - e posso referir que foi indescritível, ia mesmo arriscar que elas sorriram de imediato para mim.
Para terminar, copio aqui a SMS que enviei à Catarina logo após este parto, eu sou de mostrar o que vai na alma:
«Parabéns às três vencedoras - a pequenina Joana, a mãe e a Catarina.»
(não conheço o pai, mas os parabéns também lhe são extensivos)
Eu tive o privilégio de acompanhar o planeamento da pequena Joana, a sede de informação que a mãe tinha já deixavam vislumbrar um desfecho destes... o melhor.
Quando recebi o sms a comunicar o nascimento da pequena Joana fiquei com os olhos cheios de lágrimas de alegria, mais uma família feliz tinha nascido.
:)
Teresa, sei que a mãe da Joana vai gostar de ler este comentario, obrigado.
Rosa, tu foste a Doula de backup mesmo sem saberes participaste significativamente em todo o processo.
Parabéns Cat e Ana mas, principalmente para a M., o B. e a J. ;-)
bjs a todos
S
Parabéns, parabéns a todos por este momento mágico e maravilhoso. Era tão bom se todos os filhos nascessem num ambiente tão íntimo, tão calmo, tão privado, tão feliz e emponderado.
Minha querida Cat, parabéns pelo teu fantástico trabalho, és uma grande Doula!
Beijos
Cris
Obrigada a todas e todos seres maravilhosos por partilharem este momento tão mágico :)e de beleza imensa!
Olá, obrigada pelos comentários que nos foram dirigidos. Obrigada Teresa! Gostei muito daquele dia convosco e as fotos da caminhada ficaram LiNDAS!
Rosa, tu foste uma grande força em todo este processo, especialmente antes da concepção durante a fase "negra" que passei...
Sónia, obrigada por criares condições para que mais mulheres possam informar-se e ter acesso a serviços que lhes permitam ter os SEUS partos. Agora também já sou uma "granda maluka!" ;)
Cat, já te agradeci no relato e não há mais palavras que possa dizer para expressar o que significaste para nós.
beijinhos,
m. (agora, de Mãe)
Moya, que parto lindo! E que linda é a Joana! Ao ler o teu relato relembrei o meu próprio parto (também em casa e na água) e só posso dizer que foi um momento cheio de magia e harmonia, com a doce voz da Catarina a pairar no ar, para não me esquecer de abrir o meu corpo para o Miguel, a mão da Ana a segurar a minha, os olhos do papá cheios de lágrimas de contentamento e o Miguelinho, pequerrucho, tranquilo e cheio de vontade de viver : )
Parabéns aos três!
E um grande beijinho à Cat e à Ana por tornarem possível que cada vez mais momentos destes sejam vividos!
Olá Filipa!
Que bom ter notícias tuas! Como está o Miguel?? Obrigada pelas tuas bonitas palavras :) Tu também foste uma das nossas inspirações :)
Muitos beijinhos,
m.
Olá M!
O Miguel está crescido e cheio de gracinhas, sempre a fazer-nos sorrir! Já faz 5 meses no domingo...
Fico feliz por saber que tenha inspirado de alguma forma uma experiência tão bonita : )
Um grande beijinho!
Querida Cristina, obrigado pelo comentario mas a M. é que é uma GRANDE MULHER.
Filipa ficaste a saber como foste inspiração para alguem... não queres escrever tambem o teu relato do lindo parto do Miguel? fica o desafio, quantas mais mulheres escreverem sobre os seus partos mais dão a conhecer que a alternativa é possivel...
Lindo! Parabéns pelo magnífico trabalho! É um relato muito bonito!! Começo a ficar com vontade de jogar no euromilhões;))
Beijinhos...
Bom !!!!lindo lindo!! parabens aos pais e a todos que estiveram envolvidos :)
olá...pois eu sou o feliz Avô da Joana...a minha princesa linda.A Joaninha nasceu e vive muito feliz com os Papás que tem...realmente é uma sortuda, porque tanto o Papá como a Mamã, são incansáveis com a sua menina...parabéns Joana...amo-te :)
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