Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

quinta-feira, 13 de março de 2008

Epidural: quem dispensa?

2007/03/14
revista Pais&Filhos

Poucas mulheres dizem não à epidural. Quem já experimentou, não tem dúvidas. Como que por magia, a dor desaparece.

A analgesia epidural é uma técnica anestésica que elimina as dores do parto sem afectar a mobilidade da grávida. Ou seja, não impede que ela faça força para o bebé sair.
O segredo reside em aplicar uma substância anestésica onde ela é realmente necessária: nas terminações nervosas responsáveis pela dor. Neste caso, nas raízes nervosas a nível da coluna, responsáveis pela sensibilidade no abdómen. A mensagem da dor viaja do útero em contracções até ao cérebro, através da coluna vertebral.
O objectivo da analgesia epidural é interromper essa trajectória e impedir que aquela mensagem chegue ao cérebro. A ciência e a arte do anestesista consistem em aplicar a menor dose possível de anestésico para uma eficácia máxima. Ou seja, é preciso acabar com a dor, mas manter a mobilidade da grávida. Um anestesista experiente sabe bem como conseguir este feito. É a arte de eliminar apenas a dor. O objectivo não é a ausência total de sensação, só a sensibilidade dolorosa é que deve desaparecer.
A epidural tem vindo a ganhar popularidade e hoje já são poucas as mulheres que a recusam por completo. Com a analgesia epidural, asseguram os especialistas em Anestesiologia, consegue-se um parto mais tranquilo, sem dor e com menos repercussões para o feto. A solicitação da parturiente é justificação suficiente para a intervenção do anestesista ¿ desde que haja condições ¿ e nem mesmo quando o parto está iminente o médico deve recusar fazer qualquer coisa para diminuir a dor.

Quando? A partir de uma dilatação entre 3 a 4 centímetros procede-se à administração da analgesia epidural. Esta anestesia demora cerca de 20 minutos a fazer efeito. Por isso, se a dilatação começar a avançar rapidamente, pode não haver tempo para administrá-la.

Para que se dê início à analgesia por via epidural, é obrigatória a obtenção do consentimento informado da parturiente, a discussão com o obstetra sobre o status materno e fetal e a existência de meios imediatamente disponíveis, como equipamento de ressuscitação e fármacos, para resolução de eventuais complicações que possam ocorrer. O período de cuidados pós-analgesia ou pós-anestesia deverá contar com a disponibilidade de um anestesista, para a eventualidade de necessidade de tratamento de complicações ou de ressuscitação cardiopulmonar.

A epidural é uma técnica invasiva e como tal tem riscos. Mas felizmente, são poucos os casos em que as coisas correm mal. As consequências mais frequentes da epidural estão relacionadas com imprecisões na perfuração, o que pode acontecer porque a mulher se mexe, por exemplo. Isto pode provocar fortes dores de cabeça ¿ cefaleias ¿ que, no entanto, acabam por desaparecer ao fim de alguns dias. Existem igualmente riscos de complicações neurológicas, embora estas sejam bastante raras. Os défices neurológicos permanentes ¿ o grande medo das mulheres ¿ podem acontecer uma vez em cada 20 mil epidurais, e os défices neurológicos temporários ¿ que duram no máximo seis meses ¿ podem ocorrer uma em cada 800 analgesias epidurais. Se está grávida, não deixe para o fim o esclarecimento de todas as dúvidas relacionadas com a epidural. Fale com o seu obstetra e com o anestesista que a vai acompanhar no parto. Desfaça os mitos e informe-se. A informação é, seguramente, a sua melhor arma contra o medo da dor.

Contra-indicações da epidural
- Recusa ou incapacidade colaboração da parturiente
- Coagulopatia
- Infecção local ou sistémica
- Hipertensão intracraniana
- Choque ou hipovolémia grave

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