Sobre o blog:
“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Um parto longo surge associado ao sofrimento?
... Mas pode não ser assim
A ideia de um parto longo surge usualmente associada ao sofrimento da mãe ou do bebé, mas a realidade pode ser diferente, incluindo períodos de sono, refeições ligeiras e até passeios de automóvel.
Elisabete Carvalho, operadora televisiva de 27 anos, decidiu ter o primeiro filho dentro de água e, após 75 horas em trabalho de parto - uma demora excepcional mesmo para um parto natural -, o David nasceu no dia 23 de Julho em São Domingos de Rana, no concelho de Cascais.
«Tive o parto que tinha idealizado. O David nasceu com a cabeça virada para trás, para o fundo da piscina, mas fez a rotação sozinho e ficou de frente para mim, então eu senti mais uma contracção e puxei-o. Fui a primeira pessoa a tocar nele», descreveu à agência Lusa.
«Contracções causaram dores semelhantes às do período menstrual»
«As contracções causaram-me dores semelhantes às do período menstrual, mas durante a expulsão não tive dor alguma. Também não houve qualquer complicação, nem foi preciso fazer o corte do períneo [zona muscular situada entre a vagina e o ânus]», revelou.
«O facto de o David estar a passar de um meio aquático para outro pareceu-me o ideal. Acho que se ele tivesse nascido fora de água não tinha sido tão agradável, pois a mudança seria mais agressiva».
Tendo entrado e saído várias vezes do meio aquático, Elisabete Carvalho foi sempre procedendo à substituição da água, «que deve chegar à piscina através de uma mangueira própria e desinfectada e manter-se nos 37 graus Celsius», de modo a promover um nascimento seguro e confortável.
Ao longo da gestação, Elisabete Carvalho leu obras como «Parto na Água», de Cornelia Enning, ou «A Cesariana», de Michel Odent, clarificando alguns aspectos relacionados com o nascimento de um bebé.
«Durante o trabalho de parto, eu viajei de automóvel, fui ver o mar e nunca deixei de me alimentar com sopa, chá e bolachas. Enquanto as contracções foram mais ligeiras consegui mesmo dormir e cinco ou dez minutos de sono valeram por oito horas».
A médica que seguira Elisabete Carvalho esteve presente na sua casa mas, como viu que o parto estava demorado, não quis esperar: «Sugeriu-me uma cesariana, dizendo que eu tinha incompatibilidade feto-pélvica, mas eu recusei e ela foi-se embora», contou à Lusa.
Parteira de prevenção
«É claro que eu já tinha uma parteira de prevenção, que veio para a minha casa com o equipamento necessário para fazer o CTG [cardiotocografia, um exame destinado a avaliar o batimento cardíaco do bebé e os seus movimentos] e que ia monitorizando se estava tudo bem», acrescentou a operadora de televisão, que, apesar de ter tudo planeado, nunca excluiu o recurso ao hospital.
«Não tinha posto a possibilidade totalmente de parte, mas o hospital era uma hipótese apenas se eu ou o bebé estivéssemos em sofrimento, pois, além da falta de privacidade, lá teria de estar como os médicos querem e não como eu queria», assinalou a repórter de imagem.
Em casa, o parto decorreu num ambiente familiar, com a presença da parteira e de uma doula, do pai do bebé, da mãe da parturiente e de uma amiga, ou seja, «uma casa cheia».»
Fonte:
Portugal Diário
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