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“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Obesidade reduz em 45 por cento as possibilidades de gravidez




Estudo holandês suspeita da acção da leptina
Por: Lusa

Um estudo holandês concluiu que a obesidade reduz em 45 por cento as
possibilidades da mulher conceber um filho naturalmente e torna menos
eficazes as técnicas de reprodução assistidas. "O estudo mostra-nos
que as mulheres obesas, apesar de terem de igual modo ciclos
regulares, têm menos probabilidade de engravidar", disse Jan Willem
van der Steeg, autor principal do trabalho.

António Neves, especialista em infertilidade da Maternidade Alfredo da
Costa, corrobora as conclusões do estudo publicado na revista "Human
Reproduction". Segundo António Neves "tudo depende da situação de
infertilidade", no entanto, o normal é "as mulheres com excesso de
peso não terem ovulação, ou quando têm, abortem". "A massa gorda
provoca resistência à insulina periférica, acompanhada de
hiperestrogenismo relativo", que sendo responsável pela ovulação, "a
sua ausência provoca infertilidade", explicou, em declarações à Lusa.

Apesar de considerarem ainda uma hipótese, os investigadores do estudo
especificam a leptina, como estando relacionada com a infertilidade.
Esta hormona é segregada principalmente pelas células gordas, regula
ingestão e gasto de energia, o apetite e metabolismo. A hormona cresce
à medida que aumenta a gordura corporal, e, deste modo, para os
investigadores, pode intervir na produção de esteroides (hormonas
sexuais) nos ovários e assim "afectar negativamente as possibilidades
de uma fertilização".

Nestes casos de infertilidade em que se recorre a um tratamento de
fertilidade, António Neves diz que "é necessário que a mulher perca
peso", pois a massa gorda pode "limitar a eficácia do tratamento, para
além de aumentar o risco de aborto, a possibilidade de diabetes e
hipertensão".

No entanto, segundo António Neves, o tratamento só "deve ser"
ministrado a mulheres com menos de 37 anos, com um Índice de Massa
Corporal (IMC) inferior a 30. "Cinco ou dez por cento é o suficiente
para o tratamento ter mais sucesso", disse, acrescentando ainda que o
processo de diminuição de peso "deve ser feito", com apoio
psicológico, dietético e aos cuidados de um médico endocrinologista.

A investigação foi feita a casais com problemas de fertilidade, mas
que aparentemente não tinham qualquer problema para desenvolver uma
gravidez, visto que as mulheres tinham a ovulação regular e os homens
um espermograma normal. As 3000 participantes tentavam engravidar há
mais de um ano. Os investigadores analisaram os dados relacionando o
IMC, de acordo com a altura e peso, e as possibilidades de engravidar.

Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde, o índice de massa
corporal ideal encontra-se entre os 19 e 24,9, o excesso de peso entre
os 25 e 29, e a partir dos 30 é considerado obesidade. O estudo
concluiu que as mulheres com um índice de massa corporal de 35 reduzem
em 26 por cento as possibilidades de desenvolver uma gravidez
espontânea relativamente às que têm um IMC entre 21 e 29. Se este
índice atinge os 40, então as possibilidades de gravidez reduzem-se em
43 por cento.

Da análise concluiu-se também que por cada ponto que aumenta o IMC, a
probabilidade de engravidar reduz 5 por cento, aproximadamente. Do
mesmo modo, uma mulher, por cada ano que envelhece, regista uma
diminuição semelhante da possibilidade de engravidar.

O estudo foi realizado por vários investigadores de diferentes
universidades de Holanda que fazem investigação na área da infertilidade.

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