Extraído do livro Mi Niño No Me Come, do pediatra Dr. Carlos González
"O leite de seguimento é uma invenção comercial com pouca utilidade prática. Nos Estados Unidos, a Academia Americana de Pediatria recomenda dar aos bebês que não são amamentados o mesmo leite durante todo o primeiro ano. A OMS também diz que o leites de continuação são desnecessários.
Por quê se inventaram então? Muito simples. A lei proíbe em muitos países (inclusive España) fazer propaganda do leite de partida. Mas a maioria, infelizmente, não proíbe a propaganda do leite de seguimento. Assim que para os fabricantes o ideal é disponibilizar dois leites com o mesmo nome, que só se diferenciem pelo numerozinho. Existe alguém tão inocente para acreditar que a propaganda de Badmilk 2 não faz aumentar as vendas de Badmilk 1?
A principal utilidade dos leites de continuação, segundo a ESPGAN (Sociedade Européia de Nutrição e Gastroenterologia Pediátrica), é que são mais baratos. Como o leite artificial é caro, as mães com menos recursos que dão mamadeira poden sentir-se tentadas a introduzir antes de um ano o leite integral de vaca, que não seria muito conveniente. Um leite que, sem ser tão adaptado às necessidades do bebê como o de partida, saísse mais barato poderia ser útil.
Sem ser tão adaptado? Exato. O leite de vaca tem um excesso de proteínas, mas que o triplo que o leite materno. Este é um dos seus maiores perigos, um bebê não pode metabolizar uma quantidade tão grande de proteínas e pode adoecer gravemente. A fabricação do leite artificial consta de vários passos, um dos quais é eliminar a maior parte das proteínas. Não é fácil eliminar proteínas do leite. Se não é preciso eliminar tanto, é mais fácil de fabricar e portanto, mais barato.
Não é que o leite de seguimento seja melhor para os bebês maiores. É pior que o leite de partida, porque está menos adaptado. Mas os bebês maiores tem capacidade suficiente para metabolizá-lo e podem tolerá-lo. Naturalmente, a publicidade da indústria láctea tenta vender o leite de seguimento como “enriquecido em proteínas para cobrir as necessidades do seu filho”.
Que idiotice! As necessidades de proteína dos bebês diminuem à medida que crescem, de mais de 2g por kilo de peso e dia ao nascer até 0,89 entre os seis e nove meses e 0,82 entre os nove e os doze. Um bebê de 8 kg precisa de 7,12 g de proteínas ao dia, que pode conseguir com 790 ml de leite materno (uma quantidade razoável), ou com 550 ml de leite de partida (o leite de partida sempre tem um pouco mais de proteína que o leite materno para tentar compensar sua má qualidade). O mesmo bebê, tomando 500 ml de leite de seguimento, receberia 11 g de proteínas, muito mais do que necessita…e isso sem contar as proteínas dos cereais ou do frango que possa comer.
Não se deixe enganar pela publicidade, o excesso de proteínas do leite de continuação não é nenhuma vantagem para o seu filho, mas sim um lixo industrial.
Os bebês que mamam no peito continuam com o peito. A Academia Americana de Pediatria recomenda dar o peito, no mínimo por um ano e depois “até que a mãe e o filho queiram”. A OMS e a UNICEF recomendam dar o peito “dois anos ou mais”.
Naturalmente, se por qualquer motivo você quer desmamar o seu filho antes de um ano, terá que dar outro leite. É sua decisão. Mas não permita que outras pessoas decidam por você. Ninguém diz a uma mãe que dá mamadeira: “Esse leite já não alimenta, a partir de agora é melhor dar leite materno”. É natural imaginar que uma mãe que decida dar mamadeira, continuará fazendo durante anos. A mãe que dá o peito tem direito ao mesmo respeito."
Sobre o blog:
“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones
1 comentário:
Eujá ouvi, pela boca de uma médica que tinha de tirar o "vício do peito" à minha filha... claro está, era eu a pensar: "ou tiras"!!!!
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