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“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mastite: Novas recomendações

Foram publicadas as novas recomendações para o tratamento da mastite



Autora: Laurie Barclay

As recomendações para o diagnóstico e o tratamento da mastite de mulheres nutrizes foram revisadas e publicadas no número de 15 de setembro do American Family Physician.



A Dra. Jeanne P. Spencer do Conemaugh Memorial Medical Center de Johnstown, Pensilvânia, declarou que “embora esta infecção possa ocorrer espontaneamente ou durante a lactação, a discussão sobre a mastite, definida clinicamente como a presença de inflamação dolorosa e localizada nas mamas associada a sintomas sistêmicos de infecção (febre e mal-estar, por exemplo), fica limitada às que ocorrem nas nutrizes. Este tema é problemático, especialmente porque pode levar ao desmame, prejudicando a nutrição ideal do lactente. (...) Os médicos de família devem ter mais conhecimento para ajudar esta mãe a superar as dificuldades da amamentação (como a mastite) e, com isso, aumentar o tempo de amamentação”.



Dentre os objetivos da estratégia Healthy People 2010 estão a meta de 75% das mães iniciando a amamentação, 50% e 25% continuando a amamentar aos 6 e 12 meses, respectivamente. Contudo, no ano de 2005, boa parte dos estados não consegue alcançar essas metas. A mastite, que ocorre em aproximadamente 10% das mães norte-americanas, pode ser a causadora deste desmame.

Geralmente, a mastite é diagnosticada clinicamente a partir da presença de sinais característicos, como uma área localizada e dolorida em um seio em associação aos sinais sistêmicos, como febre e mal-estar.

A técnica de amamentação deve ser amplamente aplicada, e a mãe deve ser orientada a esvaziar a mama com frequência (e por completo) para reduzir os riscos de mastite. Essa infecção pode ser desencadeada por feridas nos mamilos, que por sua vez são causadas por uma irritação mecânica secundária à sucção inadequada, anomalias orais da criança (como fenda palatina, por exemplo) ou por infecções, bacteriana ou fúngica.

Outros fatores de risco de mastite são: fissura dos mamilos, estase localizada de leite, uso de piercing nos mamilos, protetores plásticos para o mamilo, sutiã apertado, bomba para extração de leite, má nutrição materna, história de mastite, mães primíparas, presença de freio de lábio pequeno e perda de uma mamada pelo lactente.

O bloqueio dos ductos originado pela não remoção completa do leite, causa dor local no seio e também pode causar mastite. A mama apresenta uma área endurecida, dolorida e avermelhada e, com freqüência, podem ser observadas bolhas doloridas e claras nos mamilos com cerca de 1 mm. A remoção da bolha com uma agulha estéril ou através da fricção com um tecido pode ser de grande ajuda. Para o alívio do bloqueio dos ductos mamários, também se recomenda aumento da frequência das mamadas, uso de compressas ou banhos mornos, massagens no sentido do mamilo e evitar o uso de roupas.

A modificação das técnicas de amamentação orientadas por um consultor pode ajudar no tratamento da mastite. Atualmente, quando são necessários antibióticos, prefere-se a dicloxacilina, cefalexina ou outras escolhas eficazes contra o Staphylococcus aureus (S. aureus). Com a prevalência crescente de formas resistentes à meticilina (MRSA), é provável que acabe se tornando uma bactéria cada vez mais envolvida na etiologia das mastites. Neste caso, os antibióticos eficazes contra formas MRSA devem ser utilizados.

Entre os antibióticos orais freqüentemente utilizados estão a amoxicilina associada ao clavulanato (875 mg duas vezes ao dia), a cefalexina (500 mg quatro vezes ao dia), a ciprofloxacina (500 mg duas vezes ao dia), a clindamicina (300 mg quatro vezes ao dia), a dicloxacilina (500 mg quatro vezes ao dia) e o sulfametoxazol associado ao trimetropim (160/800 mg duas vezes ao dia).

A ciprofloxacina, clindamicina e o sulfametoxazol associado ao trimetropim, geralmente, são eficazes para formas resistentes à meticilina do S aureus. Porém, o último deve ser evitado entre mulheres que amamentam lactentes com idade inferior a 2 meses ou com doença crônica e grave.

Os clínicos devem tratar a mastite precocemente e recomendar a manutenção da amamentação – uma vez que essa inflamação não representa nenhum risco ao lactente – para prevenir uma complicação freqüente, o abscesso na mama. Este apresenta sinais clínicos semelhantes à mastite, exceto pela presença de uma área de consistência firme e que, freqüentemente, apresenta flutuação. A ultra-sonografia da mama pode confirmar este diagnóstico.

Uma vez desenvolvido o abscesso, a drenagem cirúrgica ou a aspiração por agulha é necessária e às vezes precisa ser repetida. A secreção dos abscessos deve ser examinada através de cultura, e a administração de antibióticos deve ser prescrita. A amamentação pode ser mantida em uma mãe que apresenta abscesso de mama em tratamento, salvo quando a nutriz estiver gravemente enferma ou se a boca da criança ocluir a incisão cirúrgica durante a mamada.

A transmissão vertical do vírus HIV da mãe para a criança é mais provável na vigência de mastite. A Organização Mundial da Saúde recomenda que devam ser ensinadas e orientadas as técnicas de prevenção da mastite às mães portadoras do HIV que estão amamentando e, caso a inflamação ocorra, a amamentação deve ser interrompida na mama afetada até que a inflamação esteja curada.

As principais recomendações (todas com nível C de evidência) são as seguintes:

Um apoio amplo e eficaz à lactação é essencial para as nutrizes que apresentam mastite.
Embora a cultura do leite materno raramente seja necessária para o diagnóstico de mastite, este exame deve ser considerado para os casos refratários ou adquiridos no ambiente hospitalar.
Os antibióticos eficazes contra o S aureus são os preferenciais para o tratamento da mastite.
A amamentação na presença de mastite não representa nenhum risco ao lactente e deve ser mantida para manter o fornecimento de leite.
A Dra. Spencer concluiu que “o desmame é uma das complicações mais freqüentes da mastite. As mães devem ser relembradas sobre os inúmeros benefícios da amamentação e ser encorajadas a mantê-la. (...) Como as neoplasias de mama inflamatórias se assemelham à mastite, essa doença deve ser considerada quando a forma de apresentação for atípica ou quando a resposta terapêutica não for a esperada”.



A Dra. Spencer declarou não possuir conflito de interesses.


Am Fam Physician. 2008;78:727-731.


Informação sobre a autora: A Dra. Laurie Barclay é revisora e escritora freelancer para o Medscape.



Fonte: http://www.medcenter.com/medscape/


Data: 23/10/2008

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