Sobre o blog:

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro” Ricardo H. Jones

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A dor no parto...

A dor do parto é uma dor intermitente, vem com a contração, começando fraca e vai aumentando, até atingir o pico de intensidade, depois começa a diminuir e desaparece completamente. No intervalo entre as contrações não há dor, dá tempo para relaxar, meditar, respirar profundamente e muitas vezes dormir.


É uma dor diretamente influenciada por fatores psicológicos, funcionais e emocionais. Quando estamos com medo, ficamos tensas, e a nossa tensão faz a dor aumentar. É um ciclo bem conhecido, o ciclo do medo-tensão-dor.




Uma boa experiência de parto significa, entre outras coisas, lidar com a dor inerente ao processo de abertura do colo do útero e aliviar ou eliminar as dores desnecessárias, provenientes de tensões, medos, ambientes impróprios, manobras médicas discutíveis ou presença de pessoas indesejadas.

Como podemos minimizar o desconforto das contrações?

  • Água, um recurso importante, nas suas variadas formas. O chuveiro morno sobre as costas é relaxante e diminui a sensação de dor. Não há limite de tempo para a mulher permanecer no chuveiro, as banheiras comuns ou de parto também são relaxantes e diminuem a sensação de dor. O ideal é que a imersão seja feita quando a dilatação já atingiu 5 ou 6 cm, para que não haja desaceleração do trabalho de parto.


  • Respiração, embora todos saibamos respirar, existem técnicas que ajudam a aumentar a oxigenação durante as contrações e o relaxamento durante os intervalos. Basicamente, entre contrações a respiração deve ser calma e profunda, propiciando maior relaxamento. Durante a contração, usa-se uma respiração mais acelerada, começando lenta e ficando mais curta e rápida no auge da contração ( cachorrinho), voltando aos poucos a ficar mais profunda e longa conforme a contração vai desaparecendo. Esta respiração aumenta a oxigenação. Embora essas sejam dicas úteis para o parto, a respiração varia de mulher para mulher não exitem regras fixas! manter intiutivamente um ritmo respiratório sem necessidade de auxílio é uma forma de devolver o protagonismo á mulher!

  • Iluminação – para a maioria das mulheres, um ambiente na penumbra ou meia luz é mais propício ao relaxamento.

  • Velas, aromas, cores – o uso de outros elementos ambientais podem ser muito importantes individualmente, todos os recursos ambientais são válidos, desde que seja a parturiente a escolher.Palavras de encorajamento, silêncio, privacidade e ambiente discreto


  • Carinho e apoio obtido do companheiro, mãe, amiga, doula, etc. Não sentir-se sózinha nesse momento tão importante e intenso, ser cuidada... É importante sentir confiança nas pessoas que estão presentes no trabalho de parto, deve haver compreensão, paciência, e respeito para com seus ritmos e tempos naturais de um parto.

  • Massagem, os impulsos nervosos gerados pela massagem em determinadas regiões do corpo vão competir com as mensagens de dor que estão são enviadas ao cérebro, reduzindo as sensações de dor. São impulsos nervosos diferentes, competindo pelos mesmos receptores do cérebro. Essa massagem deve ser aplicada nos pés e mãos e funcionam como a técnica de contra-pressão (feita nas costas, na altura da borda superior da bacia). Massagens aplicadas nos ombros e pescoço são melhores entre as contrações e ajudam a relaxar. Já a massagem suave na barriga, braços e pernas dá a sensação de apoio físico e companheirismo.

  • Relaxamento, não permita que o seu corpo lute contra a dilatação ou contra as dores por ela provocadas. Essa luta provoca tensão, que por sua vez desacelera o trabalho de parto e provoca mais dor. É assim que o relaxamento permite que seu útero faça o trabalho. Relaxar significa entre outras coisas desconectar-se das preocupações e do mundo exterior. As contrações devem ser vista como "amigas" por isso relaxe e abra o seu corpo, aceite as contrações como aliadas e não inemigas ou algo a evitar... são as contrações que vão fazer dilatar o seu colo do utero para a passagem do seu bebé...

  • Meditação,


  • Visualização, para muitas mulheres esse recurso é importante, pois promove o relaxamento e diminui as tensões. A parturiente pode visualizar o bebé a descer pela bacia, o bebé saindo pela vagina, o colo do utero a abrir coisas, etc.
  • Vocalização,cantar,gritar,gemer,chorar, rir, etc
  • A movimentação do corpo auxilia na mobilidade dos ossos da bacia e diminui o tempo de trabalho de parto, algumas posições servem para corrigir apresentações inadequadas do bebé, podem aumentar o fluxo sanguíneo do útero ou podem dar mais conforto. É comum médicos ou regras hospitalares restringirem a posição da parturiente, deitada de lado durante o trabalho de parto ou de costas na hora da expulsão.

  • Ouvir música é relaxante para algumas mulheres, para outras pode ser fonte de perturbação. O importante é que cada mulher escolha se quer ou não quer música, quando e quais músicas devem ser tocadas durante o trabalho de parto.

  • .....

Tudo é valido desde que faça sentido para si!













Quando nos sentimos confortáveis, seguras, acompanhadas de pessoas que nos são queridas, aumentamos a nossa capacidade de relaxar e assim concentramo-nos no trabalho de parto. O medo da dor é o principal inimigo da mulher em trabalho de parto. Quando há medo, aumenta a tensão, que aumenta a dor.


E perguntao voces... então e a epidural???? Não é segura?

Um procedimento dificilmente pode ser chamado de “seguro” quando aproximadamente um quarto (23%) das mulheres que levam a epídural tem complicações. São vários e sérios os riscos para as mulheres, a começar com a possibilidade da mulher poder morrer por causa da epídural. A taxa de mortalidade materna para mulheres em trabalho de partos normais que optam pela epídural é três vezes superior que para as mulheres em trabalhos de partos normais sem epídural. Em cada 500 epidurais administradas haverá um caso de paralisia temporária da mulher e de paralisia permanente em cada meio milhão de epidurais. A mulher tem entre 15 e 20% de hipótese de ter febre após ter levado a epídural, necessitando de avaliação diagnostica de possíveis infecções na mulher e no bebé, as quais podem por vezes ser invasivas, tal como uma punção lombar no bebé. Entre 15 e 35% das mulheres que levam a epídural virão a sofrer de problemas de retenção urinária depois do parto.

Cerca de 10% das anestesias epídural não funcionam e não há alívio da dor. Mesmo quando funciona, perto de um terço das mulheres que recebem a epídural trocam poucas horas de ausência de dor no trabalho de parto por dias ou semanas de dor depois do parto. 30 a 40% das mulheres que recebem a epídural durante o trabalho de parto terão fortes dores de costas depois do parto e 20% continuarão a ter um ano depois.


Muitos estudos científicos têm mostrado que as mulheres que levam a epídural para as dores de parto terão um período expulsivo consideravelmente mais longo. O que, por sua vez, resulta num risco quatro vezes superior relativamente ao recurso a fórceps ou ventosa e, no mínimo duas vezes maior de cesariana, e estas intervenções médicas durante o parto também levam aos seus próprios riscos. Enquanto muitas mulheres podem de livre vontade correr riscos para com elas próprias, é altamente irrazoável que de livre vontade coloquem os seus bebés em risco. Uma complicação frequente na mulher, depois da epídural iniciar o seu efeito é a súbita queda de pressão, originando uma redução da corrente sanguínea que vai através da placenta ao feto, resultando de uma suave a severa falta de oxigénio para o feto, como pode ser visto no monitor dos batimentos cardíacos fetais. Noutra estratégia típicamente “hich-tech” de uso de uma segunda intervenção de forma a remediar os efeitos da primeira, os técnicos de saúde administram na mulher uma grande dose de líquidos via intra venosa, de forma a tentarem prevenir a queda de pressão arterial causada pela epídural, mas isto nem sempre resulta. Na falta de oxigénio para o bebé durante a epídural recai a possibilidade, e o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia informa que a monitorização cardíaca fetal mostra severa hipoxia fetal de 8 a 12 por cento dos bebés cujas mães foi dada a epídural para as dores normais de parto. Há outros riscos para o bebé, alguns dados, inclusive sugerem função neurológica reduzida até um mês de idade dos bebés. A mais recente inovação na anestesia epídural, como a mudança do tipo de fármaco usado ou a quantidade, ou a “walking epidural” (epídural que possibilita o movimento) não eliminam estes riscos nem para a mulher, nem para o bebé.


Para saberem mais sobre epidural podem ler o artigo traduzido pela Bionascimento - Os Riscos Ocultos das Epidurais http://www.bionascimento.com/index.php?option=com_content&task=view&id=191&Itemid=0


O melhor plano para encarar a dor é senti-la como uma aliada no processo de fazer nascer o bebé. Acreditar que ela tem uma função fisiológica e tentar dar à luz num ambiente propício: sem imposições de terceiros, sem stress e sem intervenções desnecessárias. E confiar na Natureza. Se a dor de parto fosse realmente impossível de suportar, há muito que a Humanidade se tinha extinguido...


Bibliografia:

  • Ana Cris Duarte - Amigas do Parto
  • Iol Mãe
  • Wagner M Pursuing the Birth Machine: the Search for Appropriate Birth Technology, ACE Graphics, Sydney & London 1994
  • Goer, H The Thinking Woman's Guide to a Better Birth Penguin Putnam, New York, 1999
  • Birth International
  • Epídural-Marsden Wagner (ex-director da Saúde Materno Infantil da OMS) - traduzido por Bionascimento

3 comentários:

P e M disse...

"Quando estamos com medo, ficamos tensas, e a nossa tensão faz a dor aumentar."

Aqui está a explicação para "o meu" parto... Eu não estava absolutamente nada tensa e enquanto eu esperava pelo nascimento da minha filha e pelas dores, as outras parturiente gritavam de dor... Eu?! Perguntava à Cat vezes sem conta quando é que as minhas chegavam.

E mesmo quando chegaram não eram dores insuportáveis. Até eram dores bem mandadas, pois começavam à frente e quando eu achava que já chegavam mandava-as para trás e elas iam.

"Se a dor de parto fosse realmente impossível de suportar, há muito que a Humanidade se tinha extinguido..."

Exactamente!!!

Unknown disse...

pois tiveste a sorte de ter um parto descontraido... eu nunca tinha visto um parto assim em que a mulher perguntava pelas dores :) mas sabes, ja acompanhei mais uma mulher com um parto muito semelhante, sem grande manifestação de dor. QUE SORTE! deviam de ser todos assim... o que me leva a pensar porque é que algumas mulheres sentem mais dores que outras...a dor é diretamente influenciada por fatores psicológicos, funcionais e emocionais, disso tenho a certeza!

P e M disse...

"o que me leva a pensar porque é que algumas mulheres sentem mais dores que outras..."

No meu caso é fácil, já senti uma dor de costas que até para respirar eu senti dor e estava completamente imóvel. Por isso tinha essas dores como guia... as dores de parte não se pareceram, nem de perto, nem de longe, com as dores de costas dessa vez.

E a sorte, foi eu não ter nenhuma arma ao pé, senão...